Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – O empresário e desportista amazonense Joaquim José de Alencar Souza morreu aos 74. Ele se recuperava de infecção generalizada, que se manifestou a partir de 16 de janeiro, após a extração de quatro dentes. Joaquim Alencar estava em casa e na segunda-feira (11) teve convulsões, foi levado ao Hospital Platão Araújo e morreu na sexta-feira (15). A causa foi choque séptico – infecção generalizada que causa falência dos órgãos.
Joaquim Alencar foi dirigente do Fast Clube nos Anos 1980. Nesta condição, trouxe para jogar em Manaus o NY Cosmos, clube dos Estados Unidos mantido pela Warner Communications, que contratava renomados jogadores mundiais. Em 9 de março de 1980, o Cosmos empatou em 0 a 0 com o Fast Clube no Estádio Vivaldo Lima, em partida que detém o recorde de público pagante em jogos no Amazonas – 56.890 torcedores.
A constelação de estrelas mundiais do Cosmos em 1981 tinha os alemães Hubert Birkenmeier (goleiro) e Franz Beckenbauer, o português Seninho, a jovem revelação paraguaia Romerito (que depois se tornou ídolo no Fluminense), o italiano Chinaglia, o canadense Bruce Wilson, o iraniano Eskandarian, e os brasileiros Oscar, Carlos Alberto Torres e Nelsi Moraes.
Joaquim Alencar tinha relações comerciais e empresariais com o treinador brasileiro do NY Cosmos, Julio Mazzei, amigo de Pelé, que se despediu do futebol em 1977 em um amistoso entre Santos e NY Cosmos. Pelé não esteve presente no jogo em Manaus.
Representante comercial da empresa de relógios Citizen, Joaquim Alencar tinha clientes em todo o Brasil. Foi assim que o empresário passou a frequentar a Vila Belmiro, em Santos, onde conquistou como clientes o paraense Manuel Maria, Pelé e Julio Mazzei. Quando Pelé e Mazzei foram para o Cosmos, em 1975, Alencar também passou a representar o time no Brasil.
Em 2004, em entrevista à Revista 10, que não circula mais, Alencar disse porque escolheu o Fast Clube, seu time de coração, para o amistoso internacional em Manaus contra o Cosmos. “No jogo em Manaus chegaram a pensar no Flamengo de Zico, no Corinthians de Sócrates ou no Internacional de Falcão, que era tricampeão brasileiro. Mas eu convenci que a partida fosse contra o Fast Clube”.
O NY Cosmos fez outros dois jogos no Brasil, contra o Santos, na Vila Belmiro, e contra o Uberlândia (MG).
No ano seguinte, Joaquim Alencar e o também empresário e dirigente do Fast Clube, Manuel Muniz, promoveram o 1º Torneio Internacional Pacto Amazônico, que teve participação de Nacional, Fast Clube, Rio Negro, Tuna Luso (PA), Dom Bosco (MT), Millionarios (Colômbia), Alianza Lima (Peru) e Oriente Petrolero (Bolívia).
O Nacional foi campeão ao derrotar o Fast Clube por 3 a 1 na decisão, em 10 de maio de 1981. A programação original previa as participações do Jorge Wilstermann (Bolívia), clube onde o jogador Jairzinho atuava, e a seleção do Equador, que foram substituídos, respectivamente, por Tuna Luso e Dom Bosco.
Houve apenas um edição do Pacto Amazônico, mas o projeto de Joaquim Alencar era tornar a disputa periódica com sedes em outros países amazônicos. Outro objetivo era realizar paralelamente à competição uma feira de produtos da Zona Franca de Manaus.
Na única edição, em 1981, representantes e funcionários das empresas Moto Honda, Evadin, Sharp, CCE e Sanyo participaram da cerimônia de abertura do Pacto Amazônico.
Joaquim Alencar completaria 75 anos no dia 21 de abril. Em suas redes sociais, o Fast Clube lamentou a morte de seu ex-dirigente. “Joaquim Alencar dedicou anos de sua vida ao Clube do Povo e fez história no futebol amazonense por ter realizado grandes eventos esportivos em Manaus. Por toda sua trajetória e anos de dedicação, desejamos força aos familiares e amigos”, diz o comunicado.
A Aclea (Associação dos Cronistas e Locutores Esportivos do Estado do Amazonas) também emitiu Nota de Pesar. Na partida disputada no sábado (16) entre Manauara e Rio Negro, houve um minuto de silêncio em homenagem ao desportista. No domingo, na vitória do Amazonas por 3 a 1 sobre o Operário, também houve a homenagem póstuma.