Do ATUAL
MANAUS – Depois de 21 anos, o Caso Fred volta a movimentar a Justiça no Amazonas. Dois coronéis e um soldado da Polícia Militar do estado serão julgados, a partir desta segunda-feira (10), acusados do homicídio do técnico agrícola Fred Fernandes da Silva ocorrido em março de 2001.
Os réus são os coronéis Aroldo da Silva Ribeiro e Raimundo Roosevelt da Conceição de Almeida Neves e o soldado Francisco Trindade Saraiva Pinheiro. Um outro réu, o soldado Erivan Pereira, morreu em um acidente de motocicleta e seu nome foi excluído do processo.
Os três réus também são acusados de tentativa de homicídio contra Maria da Conceição da Silva e Adônis dos Santos da Silva, esposa e filho de Fred Fernandes que sobreviveram ao atentado. Na época, Adônis tinha apenas 10 anos de idade. Mãe e filho foram alvejados, mas escaparam com vida. Outro filho de Fred que estava no carro, Hélio Fernandes da Silva, com 18 anos na época, saiu ileso.
Investigação da Polícia Civil identificou que as balas, de calibre 40, eram de uso exclusivo das polícias Civil e Militar.
Entenda o caso
O “Caso Fred”, como ficou conhecido, começou com o assassinato da universitária Daniele Damasceno em 19 de março de 2001. Na época ela tinha 20 anos de idade. Fred Júnior, namorado da estudante, confessou o crime e foi condenado à prisão. Ele disse ter degolado Daniele usando um cutelo. O corpo dela foi jogado em um terreno baldio na zona centro-sul de Manaus.
O crime gerou comoção por envolver jovens, sexo e consumo de drogas.
No mesmo ano, na tarde do dia 10 de junho, Fred Fernandes da Silva foi assassinado num atentado contra o carro da família após visitar o filho no presídio. Ele defendia que Fred Junior era inocente e assumiu o crime para livrar os demais envolvimentos, incluindo filho de um policial militar.
O processo judicial incluiu oito crimes, mas foi desmembrado. Em 28 de novembro de 2013, a 2ª Vara do Tribunal do Júri julgou e condenou a 33 anos de prisão o casal Waldemarino Damasceno e Terezinha de Jesus Oliveira Rocha, pais de Daniele, acusados de serem os mandantes do crime.
O casal entrou com uma série de recursos na Justiça contra a prisão, que levou o processo a instâncias superiores como o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e depois retornou novamente à Justiça do Amazonas. O casal aguarda julgamento em liberdade.
A sessão de julgamento será presidida pelo juiz Eliezer Fernandes Júnior, no Fórum Henoch Reis, zona sul de Manaus. Os réus Raimundo Roosevelt e Aroldo Ribeiro serão representados pelo advogado Félix Valois Coelho Junior e Francisco Trindade, pela advogada Ana Esmerilinda Menezes Coelho. O promotor Vivaldo Costa representará o Ministério Público, que defende a condenação dos réus.