Da Redação
MANAUS – Agredido a pauladas na segunda-feira, 2, da semana passada, Humberto Peixoto, 37, morreu no sábado, 7, no Pronto-Socorro e Hospital João Lúcio, onde estava internado. Ele foi espancado no bairro Coroado, zona leste, quando retornava para casa por volta das 15h. Humberto, da etnia Tuiuca, sofreu afundamento do crânio, teve o fêmur quebrado e sofreu perfuração na cabeça. Ele deixa esposa e uma filha de 5 anos.
Humberto era funcionário da Cáritas Arquidiocesana e trabalhava como assessor das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (Amarni). Em nota nas redes sociais, a Copime (Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno), atribui a morte do indígena a crime de ódio. “Uma violência muitas vezes apoiada pelo discurso de ódio contra as minorias de um sistema que desmonta direitos, monitora e criminaliza as lideranças e organizações e mata. Dessa forma, entendemos que está legalizado as perseguições às lideranças (indígenas) e o processo de criminalização contra as mesmas, uma vez que a atual conjuntura política do país facilita”, diz a Copime na nota.
Peixoto acompanhava as comunidades indígenas em Manaus e foi eleito suplente no Conselho Municipal de Saúde representando os povos indígenas de Manaus.
A líder indígena Marcivana Sateré-Mawe lembra que ele tinha uma forte atuação e lutava pelas questões indígenas. “Ele esteve visitando muitas comunidades em relação ao atendimento diferenciado nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) próximas dessas comunidades. Ele também foi responsável pelo mapeamento das comunidades indígenas em Manaus e esteve muito próximo do IBGE, fazendo diagnóstico e identificação”, disse Marcivana.
Ainda na nota, a Copime cita dados sobre o número de índios mortos no país. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o número de assassinatos de indígenas no Brasil aumentou de 110, em 2017, para 135, em 2018, um crescimento de 22,7%. O levantamento listou ainda, no ano passado, 22 tentativas de assassinato, 18 homicídios culposos, 15 episódios de violência sexual, 17 casos de racismo e discriminação étnico-racial, 14 ameaças diversas, 11 situações de abuso de poder e oito ameaças de morte.