Da Redação
MANAUS – A maior média de deslocamentos para compra de vestuário e calçados ocorre no Amazonas, com 342 quilômetros. Essa distância considera quase exclusivamente viagens de cidades do interior para Manaus, segundo a pesquisa Regiões de Influência das Cidades (Regic) 2018 divulgada nesta quinta-feira, 21, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mostra como a população se deslocava para compras antes da pandemia.
O levantamento identifica cidades que funcionam como polos comerciais para compra de roupas, calçados, móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Os dados, relativos a 2018, foram antecipados com o objetivo de contribuir com diagnósticos do impacto econômico da Covid-19. Em breve, as informações também serão disponibilizadas em mapas interativos no hotsite covid19.ibge.gov.br/
Em relação ao deslocamento para compras de vestuário e calçados, observou-se padrões diferenciados regionalmente. Enquanto na região Norte, polarizada por Manaus e pelo arranjo populacional de Belém (PA), as distâncias a serem percorridas para aquisição de vestuário e calçados, em média, superam os 160 km, os deslocamentos nos estados do Sudeste e na maioria das unidades federativas das regiões Sul e Nordeste ficam em torno de 50 km a 75 km. A exceção é Tocantins, que segue a média de 85 km a 95 km dos vizinhos Maranhão, Piauí e Bahia.
As distâncias percorridas partindo de cidades do Amazonas para a compra de eletroeletrônicos e móveis (388 km) é duas vezes superior à segunda maior distância média, registrada no Mato Grosso (181 km). Isso ocorre por haver poucas cidades de níveis hierárquicos intermediários que poderiam atender a essa demanda no estado.
Além disso há a Zona Franca de Manaus, onde há fabricação e comércio especializado em eletroeletrônicos, que pode ser mais um fator que contribui para a atratividade de Manaus. Sete cidades do oeste paraense e Boa Vista (RR) também indicaram a capital amazonense como destino para esse tema.
Rondônia, por sua vez, com maior presença de cidades de hierarquias intermediárias – como Cacoal (RO), Ji-Paraná (RO) e Ariquemes (RO) – atrai as cidades próximas de menor porte e apresenta média de deslocamentos de 114 km, inferior em três vezes a média amazonense par compra de móveis e eletroeletrônicos.
Verificando as cidades que possuíam atração proporcionalmente mais forte para o tema de compras de eletroeletrônicos e móveis, além de São Paulo e Manaus, destacaram-se Carmo do Cajuru (MG) e os arranjos populacionais de Ubá (MG) e São Bento do Sul (SC) – Rio Negrinho (SC), além de cidades fronteiriças como os arranjos populacionais internacionais de Foz do Iguaçu (Brasil) – Ciudad del Este (Paraguai) e Pedro Juan Caballero (Paraguai) – Ponta Porã (Brasil).
O deslocamento médio para o conjunto das cidades do país foi de 73 km para adquirir eletroeletrônicos e móveis em outros centros urbanos, enquanto a distância média percorrida para a aquisição de vestuário e calçados é de 78 km. No primeiro caso, o atendimento às demandas das cidades afastadas dos grandes centros urbanos frequentemente é feito pela internet. Entretanto, há a possibilidade de cidades que atraem pessoas de distâncias maiores, por possuírem comércio diversificados de eletrônicos, por exemplo.
Isolamento social
O isolamento social atual desencadeou mudanças no padrão geográfico de consumo por causa da redução da atividade comercial e de restrições de deslocamentos entre municípios. Segundo Bruno Hidalgo, gerente de Redes e Fluxos Geográficos do IBGE, a pesquisa pode contribuir para fazer diagnósticos mais detalhados de impacto específico para essas cidades que funcionam como centros comerciais.
“As cidades que são destinos recorrentes para realização de compras dos itens investigados pela pesquisa podem sofrer redução de vendas específicas durante esse período de pandemia em razão de receberem menos consumidores do que o habitual”, explica.
Parte dessas repercussões negativas no comércio podem ser observadas pelos resultados da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, que mostram que as vendas no varejo recuaram 2,5% em março de 2020 em relação a fevereiro.
A queda foi ainda maior nos itens analisados nos quesitos de comércio da Regic: tecidos, vestuário e calçados tiveram um volume de vendas 42,2% inferior e o setor de móveis e eletrodomésticos teve uma redução de vendas de 25,9%. Em março de 2020, esses dois setores representaram 4,5% e 8,4%, respectivamente, do varejo nacional, segundo a PMC.