EDITORIAL
MANAUS – Duas informações captadas na pesquisa Datafolha de intenção de voto para presidente da República chamam a atenção: 1) o número de eleitores que dizem estar totalmente decididos sobre a escolha feita até aqui, portanto, não pretendem mudar o voto, e 2) a rejeição do eleitorado pelos dois candidatos que estão na dianteira.
Sobre a decisão do eleitor: 77% dizem já estar totalmente decididos. Esse percentual vem crescendo à medida que a campanha eleitoral avança, o que é natural em qualquer processo de escolha pelo voto. Em julho, 71% dos entrevistados pelo Datafolha diziam estar convictos do voto. Em agosto, esse número passou a 75%. Na pesquisa divulgada no dia 1° de setembro, subiu para 76%, e, agora, cresceu mais um ponto percentual.
Desde que Lula decidiu disputar a eleição presidencial, as pesquisas de intenção de voto apontam para uma polarização do candidato do PT com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa a reeleição. Mas até três meses atrás, a mídia e os partidos que não se aliaram com nenhum deles apostavam que era possível uma candidatura que furasse o bloqueio da polarização, o que foi chamado de terceira via.
Faltando 21 dias para o primeiro turno da eleição, a terceira via se mostra totalmente descartada. O terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT), estagnou dentro da margem de erro, na pesquisa desta sexta-feira, e perdeu dois pontos (está com 7%). Simone Tebet (MDB) ficou com os mesmos 5% da última pesquisa.
Os 77% de eleitores convictos da escolha apontam para um segundo turno com Lula e Bolsonaro, a não ser que algo inusitado aconteça até o dia 2 de outubro. Por exemplo: se os 23% que ainda podem mudar o voto decidissem escolher um dos candidatos que está na dianteira, a eleição poderia ser definida no primeiro turno. Mas essa hipótese é quase improvável, assim como a migração desses votos para os candidatos mais distantes.
Entre os que declaram voto em Lula, 86% se consideram totalmente decididos. Entre os eleitores de Bolsonaro, esse percentual é de 83%. Os eleitores de Ciro e Simone estão menos seguros do voto: apenas 45% disseram estar decididos e 54% afirmaram que ainda podem mudar.
Rejeição
A rejeição nos dois candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto também deve ser observada pelo eleitorado. Neste quesito, Bolsonaro aparece à frente de Lula. O Datafolha identificou que 51% dos entrevistados não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum, enquanto 39% não votariam em Lula de jeito nenhum.
Na última pesquisa, eram 52% os que não votariam em Bolsonaro. O presidente oscilou um ponto percentual para baixo, dentro da margem de erro. Lula marcou o mesmo percentual da pesquisa divulgada em 1° de setembro.
A pesquisa Datafolha também identificou um crescimento dos eleitoral de Ciro Gomes que poderiam migrar para o presidente Jair Bolsonaro. Em 1° de setembro, os que declararam voto no candidato do PDT, mas diziam votar em Bolsonaro como segunda opção eram 24%, contra 35% para Lula. Agora, são 30% contra 33% de Lula.
Essa migração se deve em grande medida aos ataques que Ciro Gomes têm feito ao candidato do PT.
Os que dizem votar em Simine Tebet, mas poderiam mudar o voto até o dia 2 de outubro, 23% escolheriam Lula, 20% votariam em Ciro e 19% em Bolsonaro. Aqui há uma estabidade da possibilidade de migração de votos da candidata em relação à sondagem anterior.
A pesquisa Datafolha mostra que o ex-presidente Lula tem 45% das intenções de voto na sondagem estimulada. Bolsonaro tem 34%; Ciro Gomes, 7% e Simone Tebet, 5%.
O instituto ouviu 2.676 eleitores em 191 municípios brasileiros entre os dias 8 e 9 de setembro. A pesquisa foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-07422/2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.