Os tênis como os conhecemos atualmente, com designs, estilos e formatos diferentes poderiam nunca ter existido. Parte da história desse acessório, que hoje é sinônimo de bem estilo, poder e status, tem a ver com o mercado americano de tênis, que ao longo dos anos exportaram uma forma de consumir esse objeto. Mas até chegar nessa história, especial a partir da década de 1980, um longo caminho foi trilhado.
Tudo começa com a invenção acidental de Charles Goodyear em 1839. O inventor viu uma oportunidade de avanço tecnológico quando percebeu que borracha vulcanizada poderia ser manipulada de uma forma que ele ainda não conhecia, como na construção de sapatos. Algumas décadas depois, em 1886, nasceu a primeira empresa de tênis. Já na virada de 1900, esses calçados esportivos se tornaram cada vez mais populares.
A ascensão do tênis na cultura dos EUA, e posteriormente no mundo, está entrelaçada com aspectos sociais do país, que envolvem a música e o esporte. Os Jogos Olímpicos de 1936, realizados em Berlim, foram um catalisador para a popularização dos tênis mundialmente. A equipe de basquete dos EUA adotou o modelo Converse, chamando a atenção de outras nações.
O corredor americano Jesse Owen ganhou quatro medalhas de ouro usando tênis de corrida desenhados por Adolf Dassler, que ainda começava a desenvolver os primeiros passos de sua marca, a Adidas. Para Dassler, os negócios prosperaram graças ao desempenho do atleta. Na década de 1940, uma série de marcas de tênis que ainda existem hoje já estavam em funcionamento, como New Balance, Fila, Gola, Wilson, Mizuno, entre outras.
A partir dos anos 40, houve uma mudança cultural. As gerações mais jovens começaram usar o tênis mais como acessório de moda do que apenas para a prática esportiva. Outras marcas surgiram, como Diadora, Onitsuka Tiger e Puma. Na década seguinte, com o avanço social, escolar e também na mudança da vestimenta, esse processo se consolidou, também pela criação de marcas icônicas, como Nike e Vans.
No final dos anos 70, quando estrelas da NBA começaram a ficar mais famosos para além do público restrito que gostava do esporte nos EUA, àquela altura majoritariamente negro, a Nike fez uma grande aposta financeira ao contratar Michael Jordan, que naquela época ainda era apenas uma revelação do esporte norte-americano.
Jordan, com seu desempenho espetacular, ajudou a lançar e divulgar diversos modelos da marca, até criar sua própria empresa anos depois, a Air Jordan. Nesse mesmo período, a Reebok criou versões que também caíram no gosto popular, sobretudo entre os jovens, pois eram mais resistentes na prática do basquete, em meados dos anos 1980.
Outro fragmento importante dessa história está na cultura hip-hop surgida nesse momento. Um dos principais grupos deste mercado naquele período, o RUN DMC, criou uma música intitulada “My Adidas”. A canção explodiu entre a juventude, assim como o desejo de ter o modelo citado pelos rappers. A partir daí, uma nova cultura também se fortaleceu, em um vínculo entre o hip hop e as empresas de tênis. Companhias como Nike, Puma e Adidas perceberam a influência que os músicos tinham no público, e começaram a fazer parcerias com esses artistas. Mais recentemente, para se ter uma ideia, músicos como Jay Z estão endossando marcas de calçados, que evoluíram progressivamente para colaborações, com uma das parcerias de maior sucesso sendo o Adidas Yeezys de Kanye West.