MANAUS – O Comando Geral da Polícia Militar ameaçou prender um grupo de oficiais que dariam uma entrevista coletiva no Clube dos Oficiais da PM, na manhã desta quinta-feira, 4, para falar dos problemas das exonerações e entrega de comandos na corporação, ocorridos nesta semana. A entrevista foi cancelada, mas oficialmente as informações são controversas sobre o motivo. O ATUAL apurou que os oficiais seriam presos por insubordinação e quebra da disciplina.
Nesta quarta-feira, o governador José Melo substituiu o comandante-geral da PM, Almir David, pelo subcomandante, coronel Eliézio Almeida. Outros comandantes foram exonerados ou entregaram o comando, como foi o caso do tenente-coronel Fabiano Bó, da Companhia de Policiamento Especializado (CPE).
Entre os oficiais que dariam a entrevista estavam Fabiano Bó, o major Wilmar Tabaiares (ex-comandante do Batalhão Ambiental), o major Herlon Gomes (ex-comandante 24ª Cicom) e o major Juan Pablo Morrilas (ex-comandante da 1ª CICOM).
A entrevista estava marcada para as 9h e foi convocada pelo coordenador de comunicação da campanha do candidato ao governo do Estado Eduardo Braga (PMDB), Rodrigo Araújo. Ao ATUAL, Rodrigo disse que fez a convocação por ser amigo do tenente-coronel Fabiano Bó, e o fez pelo e-mail pessoal dele. Segundo Rodrigo, a convocação não tem nenhuma relação com a campanha do candidato Braga.
A assessoria do Comando-Geral da PM negou que tenha havido a ameaça de prisão e informou que o novo comandante-geral só terá contato com a imprensa na terça-feira, depois da passagem de comando.
Fabiano Bó afirmou que o motivo do cancelamento da entrevista foi um problema no Clube do Trabalhador. “Parece que houve um problema no local, que está passando por uma reforma, e a entrevista não poderia ser realizada lá”, disse.
No comunicado sobre o cancelamento, Rodrigo Araújo informou que os quatro oficiais poderiam falar com a imprensa por telefone. Dos quatro, apenas Fabiano Bó e o major Wilmar Tabaiares atenderam às ligações da reportagem do ATUAL. Bó disse que estava entrando em uma reunião e pediu para retornar a ligação em duas horas.
O major Tabaiares disse que não soube o motivo do cancelamento. Afirmou, também, que foi convidado pelos colegas Herlon Gomes e Juan Pablo Morrilas para participar da entrevista.
Tabaiares negou que tenha qualquer envolvimento com os candidatos ao governo e chegou a dizer que não vota nem em Eduardo Braga e nem em José Melo. “Eu aceitei ir para a entrevista para falar sobre os problemas no comando da Polícia Militar. A questão é moral. Estão perseguindo por coisas mesquinhas; estão deixando os comandos sem condições de trabalho”, disse.