Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Com nove professores e três técnicos administrativos educacionais mortos pela Covid-19 apenas em Manaus neste mês de janeiro, incluindo o reitor Antônio Venâncio Castelo Branco, docentes do Ifam (Instituto Federal do Amazonas) querem que o retorno presencial às aulas ocorra somente após a vacinação dos profissionais. É o que explica José Eurico Ramos de Souza, 53, que leciona no Campus Manaus Zona Leste e é um dos coordenadores-gerais do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação) na capital.
José Eurico, que também contraiu a Covid-19 e tem diabetes, afirma que a categoria é contra a portaria emitida em dezembro pelo MEC (Ministério da Educação), que prevê o retorno presencial das atividades para março deste ano.
“A proposta que o sindicato está discutindo com os trabalhadores em educação – professores e TAE (Técnico Administrativo em Educação) – é ‘sem vacina, sem retorno presencial’”, afirma.
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, havia recuado de uma decisão de retomar as aulas presenciais na rede federal de ensino em 4 de janeiro deste ano. Mas publicou portaria em edição extra do DOU (Diário Oficial da União) no dia 7 de dezembro do ano passado com uma nova data: 1º de março. Porém, até o momento, não há uma data certa para a vacinação da categoria.
O professor alerta para o risco da volta presencial sem a imunização contra a Covid-19. “No começo de janeiro tivemos conhecimento de 16 pessoas infectadas na Reitoria. Antes do agravamento, a Reitoria já tinha encerrado o expediente por 15 dias em função dessa contaminação. Muitos funcionários de lá estavam trabalhando presencialmente”, afirma.
Segundo José Eurico, dos servidores que faleceram pelo novo coronavírus, quatro eram da Reitoria.
O professor afirma que o negacionismo do governo federal e de apoiadores contribuíram para o cenário que o Instituto está passando. Segundo ele, em abril do ano passado servidores chegaram a fazer campanha pela volta presencial.
“Não consigo nem dimensionar o tamanho dessa tragédia se esse grupo tivesse conseguido impor esse retorno”, afirma. “Temos professores e TAEs que defendiam a volta das aulas presenciais, fazendo coro ao presidente (Jair Bolsonaro) dizendo que isso era só uma ‘gripezinha’”, diz.
“Coisa de gente negacionista, que mesmo com um número elevado de mortos acha que está tudo bem, que todo mundo vai morrer um dia mesmo, acreditam em imunidade de rebanho e até falam contra a vacina”, relata Eurico.
O professor afirma que após o elevado número de mortes de professores do Ifam, não tem conhecimento de manifestações do grupo a favor do retorno.
Os servidores do Ifam que morreram de Covid-19 neste mês foram:
- José da Silva Izel, TAE DA REITORIA – 04/01
- Aldicea Craveiro de Lima Ferreira, PROFESSORA DO CMC – 05/01
- José Antônio Dourado Texeira, PROFESSOR APOSENTADO DO CMC – 10/01
- Frank da Silva Morais, PROFESSOR DO CMZL – 10/01
- Antônio Venâncio Castelo Branco, PROFESOR DO CMC e REITOR DO IFAM – 11/01
- Marcos Costa Maciel, PROFESSOR DO CMDI – 12/01
- Daniel da Silva Nogueira, TAE DO CMDI – 13/01
- Elival Martins dos Reis Júnior, PROFESSOR DO CMZL – 14/01
- Mario Gilson Santos Borges, PROFESSOR DO CMC – REITORIA – 16/01
- José Carlos Batista, TAE DO CMC – 24/01
- Carlos José Batista Machado, PROFESSOR DO CMC – 26/01
- Maria do Perpétuo Socorro Conceição da Silva, PROFESSORA DO CMZL – 27/01
Mas os professores estavam dando aula presencial quando pegaram covid? Se não, não ficaram em casa se cuidando ou exageraram na aglomeração no fim do ano? muito vago as informações. E pelo brasil, quantos professores universitários faleceram?
Notícia trágica ao extremo. Muita tristeza, professores que teriam muito a contribuir com sua sabedoria. Meus sentimentos ao povo de Manaus, e por extensão ao Amazona, estado que um dia pretendo conhecer.
O pessoal tava na arruaça. Com certeza não pegaram Covid dentro da escola. Se estivessem lá estariam protegidos.
O que te dá estas certezas, anônimo? Falta de respeito! Moro no sul, e esta notícia é terrível.
Sem comentário sobre quem julga saber da vida dos outros. Fato triste e trágico para esta Institiuição que tanto amo e que tem o respeito de todo povo amazonense.