Da Redação
MANAUS – Com 60 mortos, inclusive de presos que foram decapitados e esquartejados, a rebelião no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), no quilômetro 8 da BR-174, na zona rural de Manaus, “poderia ter sido pior”, disse o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, 2, três horas após o fim da revolta que durou 17 horas. Conforme Fontes, o massacre só não foi mais grave porque ocorreu em apenas um presídio. Nos demais, a segurança havia sido reforçada. Os 60 mortos eram considerados integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), surgida em São Paulo e com ramificações pelo país.
“Poderia ter sido pior. A amplitude poderia ter sido maior. Temos quatro unidades prisionais uma colada na outra. Temos 11 unidades prisionais e apenas uma ‘lombrou’, como os detentos dizem na linguagem deles”, disse o secretário. “As outras foram todas asseguradas, inclusive aquelas que abrigam menores de idade no qual o grupo Fera (Força Especial de Repressão e Ataque) se encarregou de fazer o controle. Cada instituição policial se encarregou de uma. Havia um planejamento prévio com o Comitê de Segurança, por isso a situação não se agravou”, disse Fontes.
Conforme o secretário, agora, com o fim do massacre, a secretaria irá garantir a segurança na penitenciária. “Vamos agora garantir a estabilidade do sistema prisional e recapturar os presos que fugiram”, disse Fontes, ao se referir à fuga de 87 presos do Ipat (Instituto Prisional Antônio Trindade), anexo ao Compaj e onde ficam os presos provisórios. Doze agentes penitenciários foram feitos reféns durante a rebelião, que começou por volta das 16h desse domingo, 1º, e terminou às 7h desta segunda. Todos foram liberados sem ferimentos. “Pretendemos manter os presos separados, reforçar as barreiras entre um e outro grupo e usar mais tecnologia para identificar túneis que possam ocorrer nos presídios. A gente precisa agora investir em tecnologia porque em pessoal, a gente já viu, é vulnerável”, disse.
Sérgio Fontes disse que a Polícia Militar não entrou no presídio para conter o massacre para não ser responsabilizada depois. “Você poderia reagir a uma rebelião dessas atirando nos presos. Mas como ficaria a responsabilidade depois? Nós optamos por negociar com eles, que no meu entender foi a mais acertada porque nenhum dos reféns foi morto e nós conseguimos recuperar a todos”, disse, ao se referir aos agentes penitenciários da Umanizzare, empresa que administra os presídios do Amazonas.
Conforme Fontes, o massacre é reflexo da disputa pelo controle do tráfico de drogas nas ruas de Manaus. Segundo ele, o terror no Compaj foi comandado por presos que alegam ser integrantes da facção criminosa que se autodenomina Família do Norte (FDN) contra os que dizem integrar o PCC. “Tudo é uma questão que envolve dinheiro e controle do tráfico”, disse Fontes.
Natureza dos presídios
Os autores do massacre tiveram ajuda de fora do presídio, revelou o secretário de Administração Penitenciária Pedro Florêncio Filho. “O que se observou foram os presos do semiaberto quebrando a muralha, fazendo buracos na muralha e passando para apoiar os presos no Compaj com armas. Isso foi percebido e houve intensa troca de tiros com os detentos e impedimos que muitos deles fugissem”, disse Florêncio. “Nós mantivemos todo o presídio sob controle”, afirmou, sem explicar porque com o presídio sob controle 87 presos fugiram.
Florêncio presumiu que a fuga do Ipat foi planejada para dar cobertura ao massacre, hipótese que o setor de inteligência da Secretaria de Segurança não confirmou. “A gente presume que foi orquestrada para trazer desequilíbrio e tirar a atenção da polícia. Agora, vamos fazer uma sindicância para verificar falhas de funcionários e fazermos um conselho para identificar responsabilidade de internos. Se ficar comprovado falhas de funcionários, haverá uma punição dos servidores. E se for da empresa, vamos fazer um processo sansanatório que pode resultar em multas”, disse.
Sobre a presença de aparelhos celulares dentro dos presídios, pois vídeos dos corpos esquartejados foram postados em redes sociais, o secretário disse não poder fazer nada. “Bem, em todas as prisões do Brasil tem drogas, armas e celulares. Não é para ter, mas é da natureza do sistema. A gente coíbe, a gente controla, mas eles conseguem colocar para dentro. Todos os vídeos foram feitos pelos próprios presidiários”, disse Pedro Florêncio.
O custo de um bandido morto para o estado do Amazonas é zero. O secretário de segurança tem mais é que agradecer .60 vagabundos a menos para atormentar. Polícia boa é a polícia que mata bandidos . Se a Polícia tivesse agido , mais vagabundos teriam morrido. Bandido bom é bandido morto .