Do ATUAL, com Agência Embrapa
MANAUS – Um clone de cajueiro desenvolvido Embrapa Agroindústria Tropical, no Ceará, demonstrou excelente desempenho na região árida do Rio Grande do Norte. Chamado de BRS 555, os testes do clone começaram em 2010.
O clone de cajueiro é recomendado para o sertão do Seridó e para a região de Serra de Santana, no estado do Rio Grande do Norte, locais com temperatura alta, chuvas escassas e com longos períodos de seca.
O estado registrou alto potencial produtivo de castanha de caju, com média de 2,7 mil quilos por hectare (kg/ha). Em 2021, foi de 336 kg/ha, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em média, a produtividade da castanha do novo clone foi 57,6%. A variedade apresenta uma amêndoa com bom peso, com 2,5g. Outra vantagem é a resistência à praga que reduz o tamanho da planta, a broca-do-tronco (Marshallius anacardii).
Para desenvolver o BRS 555, explica o pesquisador Francisco Vidal, foram selecionadas as melhores plantas na fazenda Caucaia Agropecuária S.A, no município de Pio Nono (PI).
Após processos de avaliação e validação nos laboratórios da Embrapa, o clone foi testado no município de Santana do Matos (RN), na propriedade de Domingo Divino, produtor rural e colaborador das pesquisas de campo da instituição.
“Os cajueiros foram plantados em 2010, mas só em 2014 começaram a produzir bem. Isso despertou a gente para fazer a colheita e medir os pesos dos frutos. Chegamos à conclusão de que o clone apresenta uma produtividade altíssima”, declarou.
Divino foi um dos pioneiros na revitalização da cajucultura na região em que está sua propriedade. “Eu comecei como diarista, trabalhando na limpeza de caju na propriedade de outras pessoas que cultivavam cajueiro gigante. Hoje, eu vendo minha produção para o Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte”, contou.
Os clones possibilitaram o aumento de produtividade. Agregou-se a isso a resistência à falta de água e algumas pragas e doenças, gerando economia com técnicas de manejo e rentabilidade com o aproveitamento do pedúnculo (carne do caju) na indústria para produção de sucos e doces.