Da Redação
MANAUS – Classificado como “totalmente abandonado” pelo candidato a prefeito de Manaus Ricardo Nicolau (PSD) no programa eleitoral desta terça-feira, 13, o local onde funcionou o Hospital de Campanha Gilberto Novaes por dois meses em Manaus foi desativado em junho deste ano para funcionar novamente como escola da rede pública.
À época, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, disse que a decisão foi com base na redução da incidência de Covid-19 na capital. Segundo a prefeitura, na unidade foram tratados 570 pacientes que ficaram livres da doença, sendo 28 indígenas.
O hospital de campanha era administrado pelo Grupo Samel e Instituto Transire e funcionava em instalações de colégio da rede pública municipal. Para gerir a unidade, o candidato, que é deputado estadual, pediu licença de 60 dias das atividades na ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas).
No programa eleitoral da Coligação Pra Voltar a Acreditar, nesta terça, uma mulher identificada como Isis da Silva conta que após ter sido diagnosticada com Covid-19 recebeu tratamento “diferenciado” com o uso da ‘Cápsula Vanessa’, criada pelo grupo Samel, e foi curada.
Em seguida, Nicolau afirma que “o hospital que ajudou a salvar a vida da dona Isis e de centenas de pessoas está assim: totalmente abandonado”. O candidato classifica a situação como “muito triste” porque, segundo ele, “Manaus não tem um único hospital municipal” e o ‘Gilberto Novaes’ “faz muita falta”.
O candidato do PSD propôs a construção de um hospital municipal para cirurgias eletivas com 150 leitos e capacidade para realizar 1.500 cirurgias por mês. Segundo Nicolau, a prefeitura consegue aprontar a unidade em 180 dias.
“Missão”
Ao desativar a unidade, o prefeito afirmou que o hospital “cumpriu a sua missão”. “Fizemos às pressas para socorrer o governo do Estado, sobretudo a população de Manaus, e transformamos uma escola em hospital em tempo recorde, mas está na hora de fechar o hospital e fazer com que retorne ao seu destino de escola”, disse Arthur.
Para voltar a funcionar como escola, a prefeitura anunciou que o prédio passaria por uma rigorosa desinfecção a fim de eliminar qualquer risco de contaminação de alunos, professores e servidores pelo novo coronavírus. No entanto, ainda não há previsão de retorno das aulas da rede pública municipal devido a pandemia da Covid-19.
A decisão de desativar a unidade ocorreu uma semana após a Samel e o Instituto Transite passarem a gerência para a prefeitura, com o fim do prazo do convênio. À época, Arthur Neto disse que o hospital seria mantido “até o momento em que pudermos declarar cumprida a missão de combate à Covid-19”.
Briga
O parceria entre a Prefeitura de Manaus e o grupo Samel terminou em briga por equipamentos. Ainda em junho, o presidente do Grupo Samel, Luís Alberto Nicolau, prometeu acionar a Justiça para reaver os equipamentos doados pela empresa ao hospital. Nicolau acusou a prefeitura de negar o empréstimo dos aparelhos para atender pacientes em Boa Vista (RR).
Acompanhado do tenente do Exército Marcelo Grun, Nicolau esteve na unidade hospitalar para liberar os equipamentos ao Exército Brasileiro, mas foi barrado pelo secretário municipal de Saúde Marcelo Magaldi. O diretor da Samel classificou como “absurdo” o bloqueio dos aparelhos que, segundo ele, foram doados pela Samel e pela Transire.
De acordo com a Samel, o hospital estava equipado com tomografia, laboratório e 180 leitos, que usam a ‘Cápsula Vanessa’.
“Surpresa”
Após o incidente, a prefeitura divulgou nota afirmando que foi surpreendida pela “mobilização de uma rede privada de saúde, juntamente com uma guarnição do Exército Brasileiro, no hospital de campanha municipal, administrado pela Prefeitura, com a intenção de realizar o transporte de equipamentos e insumos, que estavam internalizados na unidade, para Boa Vista (RR)”.
A prefeitura afirmou que a Lei Federal nº 13.979 (Lei da Covid-19) estabelece que todas as aquisições devem constar no Portal da Transparência e passar por inventário patrimonial. “Assim sendo, para que haja o transporte para outro local é necessário seguir, rigorosamente, o que preconiza a norma: um termo de cessão, convênio, doação, ou um procedimento de requisição”, informou.
Adequações
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Manaus informou que o Ceti (Centro Integrado Municipal de Educação) do bairro Lagoa Azul “nunca esteve abandonado e recebe adequações de infraestrutura para que esteja apto ao pleno e seguro funcionamento como escola”.
As aulas na unidade de ensino devem iniciar no ano letivo de 2021, segundo a prefeitura. “As matrículas acontecem nos meses de dezembro – rematrícula de alunos que já são da rede – e janeiro – novos alunos”, diz trecho da nota assinada pelas secretarias municipais de Saúde (Semsa) e Educação (Semed).
Leia a nota completa:
A Prefeitura de Manaus, por meio das secretarias municipais de Saúde (Semsa) e Educação (Semed), esclarece que o Centro Integrado Municipal de Educação (Cime), do Lagoa Azul, nunca esteve abandonado e recebe adequações de infraestrutura para que esteja apto ao pleno e seguro funcionamento como escola.
A Prefeitura de Manaus, em parceria com a iniciativa privada, montou um hospital de campanha no período mais crítico da pandemia, quando a rede estadual de saúde, que responde pela alta e média complexidade, estava em colapso.
Atualmente, o município cumpre seu papel na atenção básica, sendo a rede que mais cresceu em cobertura, com quase 65%, inclusive ampliando esse número durante a pandemia.
Quanto às aulas neste Cime, as mesmas se iniciarão no ano letivo de 2021. As matrículas acontecem nos meses de dezembro – rematrícula de alunos que já são da rede – e janeiro – novos alunos.
Vale lembrar que todas as escola municipais seguem fechadas e os alunos recebem ensino remoto, para aqueles sem aparelhos eletrônicos ou com dificuldade de conexão, a Semed adotou estratégias específicas com material impresso e com escolas de apoio para receber alunos com agendamento e demais medidas necessária à prevenção e combate ao novo coronavírus.