Da Redação
MANAUS – Classificada na Medicina como uma técnica cirúrgica de alta complexidade e ótimos resultados, a ressecção de tumor cerebral em paciente acordado foi realizada pela primeira vez em Manaus. A paciente é Maria Nivalda da Silva Lopes, de 54 anos. A operação é inédita também na Região Norte e ocorreu na FCecon (Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas), vinculada à Susam (Secretaria de Estado da Saúde).
A paciente sofria de lesão expansiva na região da fala (lobo frontal direito) e a intervenção durou seis horas. O principal benefício desse tipo de procedimento, segundo o neurocirurgião Odilamar Andrade, é a redução das chances de sequelas pós-operatórias e a garantia de mais qualidade de vida ao paciente.
Andrade disse a operação foi bem-sucedida e que a paciente passou por um período de recuperação na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) da unidade hospitalar. Nesta quinta-feira, 23, ela foi transferida para uma enfermaria, último passo antes da alta médica. O tumor extraído durante o procedimento estava em uma área eloquente (de função cerebral específica) e será submetido à análise patológica. O processo definirá se trata-se ou não de câncer. De acordo com o médico, a paciente será acompanhada pela equipe do Serviço de Neurocirurgia Oncológica da Fundação. Se o diagnóstico apontar lesão cancerosa, possivelmente haverá indicação de tratamento complementar com quimioterapia e radioterapia, ambos ofertados gratuitamente pela FCecon.
A cirurgia foi realizada na terça-feira, 21, pelos neurocirurgiões Odilamar Andrade e Arlan Marques, dois enfermeiros, seis anestesistas liderados pela anestesiologista Adélia Meninea, além de médicos residentes. “Durante todo o tempo do procedimento, conversamos com a paciente, que recebeu anestesia venosa, mas estava consciente e segura do que estava acontecendo. Avaliações posteriores mostraram que ela teve a fala e os movimentos preservados, o que atendeu às nossas expectativas”, disse Meninea.
“Reforçamos que esse tipo de cirurgia, com o paciente acordado, não é indicado para todos os casos. Uma avaliação rigorosa, que considera diversos fatores, como o grau de dependência do paciente, a colaboração e o estado clínico, são alguns deles”, disse Odilamar Andrade.
Maria Nivalda declarou que se sente bem. “Na hora da cirurgia, eu não sentia nada. Entendia tudo o que o médico dizia e respondia todas as suas perguntas. Estou me sentindo muito melhor, sem dores no corpo ou na cabeça”, disse.