MANAUS – Com a abertura da chamada “janela partidária”, pelo menos cinco deputados estaduais devem mudar de partido até o dia 18 deste mês: Francisco Souza (PSC), Orlando Cidade (PTN), Platiny Soares (PV), Adjuto Afonso (PP) e Ricardo Nicolau (PSD) . A informação foi obtida nos bastidores da ALE (Assembleia Legislativa do Estado), onde os parlamentares tentam manter sigilo sobre as mudanças até a efetiva desfiliação das legendas pelas quais foram eleitos.
A mudança de partido sem a perda de mandato só foi possível, porque o Congresso Nacional promulgou, no dia 18 de fevereiro deste ano, a Emenda Constitucional 91, que abre possibilidade para que políticos detentores de cargos eletivos proporcionais (deputados e vereadores) possam mudar de partido sem a perda da função no prazo de 30 dias após a promulgação. Antes, eles só podiam mudar para partidos novos.
No Amazonas, deputados estaduais estão aproveitando problemas e crises internas para deixar as legendas pelas quais se elegerem em 2014. Esse foi o caso de Platiny Soares, que chegou a ser ameaçado de expulsão por membros do PV após fazer homenagem ao deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), acusado de discriminação e preconceito.
Na época, Platiny disparou contra os próprios colegas de partido, no qual foi eleito com mais de 20 mil votos. “O trabalho que eu venho desempenhando é pra dar dignidade ao partido, que nunca teve expressão além do que a defesa da maconha, com algum… um e outro usuário de droga”. A assessoria do parlamentar informou que o deputado ainda não tem uma legenda definida para mudar.
Orlando Cidade, segundo colegas de bancada, também andou se estranhando com seus companheiros de legenda, entre eles, o próprio presidente da legenda, Abdala Fraxe. A amigos, Orlando confidenciou que precisava de mais autonomia no partido. Procurado pela reportagem, ele negou desavenças com sua atual liderança, e afirmou que negocia a ida dele para o PV.
Quem também está deixando o partido em busca de autonomia é o deputado estadual Ricardo Nicolau. Na ALE, ele reclamou a colegas que não vem tendo o prestígio que merece do seu líder, Omar Aziz, diante da votação que ele teve na última eleição. O deputado ficou em segundo lugar como o mais votado da ALE, com mais de 38,4 mil votos. A reportagem questionou sobre a mudança de partido via email para a assessoria.
A resposta de Nicolau veio em primeira pessoa. Ele disse que que não há nada definido sobre um suposto pedido de desfiliação do Partido Social Democrático. “Não mantive conversas sobre este assunto com nenhuma legenda partidária, tampouco com lideranças políticas. Entretanto cabe ressaltar que caso minha saída da sigla venha a ocorrer futuramente, não será motivada por desentendimentos de qualquer natureza”.
Há mais de um ano, Adjuto Afonso (PP) não tem acompanhado a presidente estadual de sua legenda, Rebecca Garcia, em reuniões do partido. A distância entre os dois é apontada por assessores da superintendente da Suframa como uma das justificativas para o parlamentar deixar o Partido Progressista. Adjuto vai para o PPS, onde já está abrigado o filho dele, Diego Afonso, pré-candidato a vereador de Manaus.
O quinto parlamentar é Francisco Souza (PSC). Aliado do ministro Eduardo Braga (PMDB), estava sendo pressionado a deixar a “bancada independente”, que faz uma oposição branda na Assembleia Legislativa ao governo de José Melo (Pros). A pressão vinha do deputado federal Silas Câmara, que apesar de ter deixado a legenda ainda mantém influência sobre o Partido Social Cristão. Francisco Souza sinalizou sua ida para o PTN.