Da Redação
MANAUS – Os professores Claudenilson Pereira Batista e Cátia Lemos estão prestes a se tornarem os primeiros cegos com doutorado em Educação no Amazonas. Deficientes visuais, ambos defendem tese nos dias 11 e 12 deste mês na Ufam (Universidade Federal do Amazonas). Eles são orientados pela professora Maria Almerinda de Sousa Matos. Os professores são do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicopedagogia Diferencial (Nepped) da Faced (Faculdade de Educação).
“Claudenilson e Cátia não só deram conta dos trabalhos, prazos, proficiências e correções necessárias, mas o fizeram sem a ideia paternalista ou assistencialista associada a quem tem alguma limitação. Eles chegam ao final da trajetória pelas próprias competências”, disse Almerinda Matos.
A orientadora disse as defesas das teses abrem para a comunidade acadêmica a importante possibilidade de enfatizar o potencial de qualquer pessoa, e não apenas as patologias.
As duas pesquisas buscam solucionar gargalos relacionados às políticas públicas voltadas para os deficientes. “Ambos sempre foram muito politizados e, para ser pesquisador, tem que ter um compromisso social… A pesquisa tem que mexer com a gente”, completa a professora.
Políticas Públicas
A tese de Cátia Lemos, intitulada ‘A implementação da meta quatro do Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024 em 18 planos municipais de Educação no estado do Amazonas’, analisa o cumprimento do plano pelos municípios do interior do estado. A meta quatro é voltada à universalização da educação básica para a população com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
Já a tese do Claudenilson Pereira Batista enfatiza a relação entre o deficiente visual e o mercado de trabalho. Intitulada ‘Políticas Públicas de Inclusão: Os trabalhadores com deficiência visual no Polo Industrial de Manaus (PIM)’, a pesquisa busca entender como ocorre a inclusão dos trabalhadores com deficiência visual no setor eletroeletrônico do PIM.
De acordo com Claudenilson Batista, inclusão é um conceito amplo e universalizado e, por vezes, gera confusão. “Não basta colocar o trabalhador de qualquer jeito na fábrica. Para ser considerado inclusão, há a necessidade de atender determinadas características e aspectos da vida humana e social. A investigação é um estudo de caso e levou a concluir por aquilo que nós já suspeitávamos: há muitas dificuldades na inserção destes elementos e aqui, eu chamo de inserção e não inclusão. É uma inserção insipiente”, disse.
Cátia Lemos é mestre em Educação pela Ufam e assessora pedagógica na Gerência de Educação Especial da Semed (Secretária Municipal de Educação). O doutorando Claudenilson Pereira é mestre em Educação também pela Ufam e graduado em Filosofia. Trabalha na Gerência de Educação Especial da Semed como assessor pedagógico e visita as escolas municipais para acompanhar e orientar os professores que tenham alunos com deficiência.