Por Carlos Petrocilo e Diego Garcia, da Folhapress
SÃO PAULO-SP E RIO DE JANEIRO-RJ – A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) cobra R$ 7.213.820,63 da empresa All Invest Consultoria Financeira e Negócios no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Em fevereiro deste ano, CBF e All Invest firmaram acordo, no qual a empresa poderia explorar espaços publicitários e inclusive o naming rights (direitos de nomes) da Copa Verde, que reúne os times da região Norte e Centro-Oeste do Brasil e do Estado do Espírito Santo. O vencedor garante vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil.
O contrato foi assinado em fevereiro com duração de 2019 a 2021. A All Invest deveria pagar R$ 4 milhões por temporada, R$ 12 milhões no total. A primeira parcela, no valor de R$ 2 milhões, venceu no dia 4 de março deste ano. A CBF diz não ter recebido, notificou a empresa e rescindiu o contrato.
A entidade cobra na Justiça uma multa de 50%, referente aos R$ 12 milhões, acrescidos de correção monetária e juros de 1% ao mês. Caso não receba, os advogados da CBF pediram ao juiz que penhore bens da All Invest.
A empresa passa por problemas financeiros. A All Invest, de acordo com dados da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), iniciou suas atividades em agosto de 2018 e foi constituída em maio deste ano, isto é, três meses depois de assinar o contrato com a CBF.
A sede da empresa, segundo a Jucesp e a Receita Federal, é na cidade de São Paulo. Na internet, a empresa indica um endereço em Goiânia. Há internautas que afirmam ter emprestado dinheiro para a firma e outros que postaram ter investido em um fundo financeiro da All Invest.
A reportagem não localizou o responsável pela empresa e ninguém atende ao telefone informado na internet. Em seu site, foi publicado no último dia 19 uma nota de esclarecimento se comprometendo a realizar pagamentos “ainda em atraso no decorrer dos dias 19/11/2019 a 27/11/2019”.
Segundo o contrato, a CBF cedia para a empresa sete placas nos estádios, entre elas uma central com a marca ‘Copa Verde All Invest’. A marca também seria inserida no uniforme dos mascotes dos times durante as semifinais e finais da competição, no totem da bola, placa para foto oficial e no pódio da premiação. A CBF também faria postagens alusivas ao torneio em suas redes sociais.
A Copa Verde, inspirada na Copa do Nordeste, reuniu neste ano 24 equipes das regiões Norte e Centro-Oeste, além dos clubes do Espírito Santo. Foram quatro meses de competições. O nome verde faz alusão à Floresta Amazônica, e o troféu é de madeira.
O Cuiabá conquistou o título no último dia 20 de novembro ao superar o Paysandu na decisão do título. O time mato-grossense perdeu por 1 a 0 na Arena Pantanal, no dia 14, mas devolveu o placar no Mangueirão, em Belém, e levou a melhor na cobrança de pênaltis.
Em todo o torneio deste ano foram vendidos 97.977 ingressos, uma média de 2.332 pagantes por partida. O campeão de bilheteria Remo, do Pará, alcançou uma média de 11.629 pagantes. Seu rival Paysandu, em segundo, conseguiu 10.155 pagantes e o Cuiabá, em terceiro, registrou média de 3.475 pagantes.
A CBF não comenta a ação. Contratado pela entidade, o advogado Alvaro Palma de Jorge disse à reportagem que “tem como política não discutir casos em andamento”.