Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – As dez campanhas mais caras de candidatos a vereador de Manaus na eleição deste ano custaram entre R$ 493 mil e R$ 709 mil, conforme levantamento feito pelo ATUAL com base em dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Dos dez candidatos, apenas dois foram eleitos.
De 833 homens e mulheres que disputaram uma das 41 cadeiras de vereador de Manaus, 389 não receberam um centavo para arcar com as despesas de campanha. As mais baratas, em que os candidatos receberam alguma doação, custaram entre R$ 180,00 e R$ 1 mil, e o valor foi destinado ao pagamento de santinhos.
Para elaborar o ranking de despesas dos candidatos a vereador de Manaus, o ATUAL usou os dados abertos do TSE, onde constam, entre outras informações, os valores que os candidatos declararam ter recebido para pagar as despesas de campanha.
As despesas efetivamente contratadas pelos candidatos ainda não foram integralmente declaradas à Justiça Eleitoral. Os candidatos tem até o dia 5 de novembro para apresentar a prestação de contas final à Justiça Eleitoral, momento em que eles terão que detalhar para onde foi cada centavo recebido.
Em relação aos valores recebidos, os dados são mais concretos, pois o prazo para os candidatos receberem doações encerrou dia 6 deste mês. Nessa mesma data, conforme o TSE, os candidatos puderam contrair obrigações financeiras. Após o prazo, a arrecadação de valores é liberada apenas para quitação de despesas já contraídas e não pagas até o dia da eleição.
Despesas
Na capital amazonense, cada postulante ao cargo de vereador poderia gastar até R$ 816,2 mil e contratar até 858 trabalhadores para a campanha eleitoral, conforme estabeleceu o TSE.
Com o dinheiro majoritariamente proveniente do fundo especial de financiamento de campanha, o “fundão”, os candidatos concentraram os gastos na contratação de cabos eleitorais. A confecção de materiais impressos, o impulsionamento de conteúdo nas redes sociais e a contratação de serviços advocatícios e contábeis também custaram caro aos candidatos.
Eleito com 8.118 votos, o empresário Eurico Tavares (PSD), de 28 anos, recebeu R$ 709 mil para realizar a campanha dele. Conforme o TSE, a maior parte do valor (R$ 444 mil) foi doado pela mãe dele, a empresária Tatiana de Angelo Rocha. Eurico também recebeu R$ 70 mil da direção estadual do partido, dinheiro proveniente do “fundão”, e outras doações de pessoas físicas.
Até a quarta-feira (16), as despesas declaradas pelo candidato eram de R$ 448 mil. As atividades de militância e mobilização de rua totalizaram R$ 140 mil e a impulsão de conteúdo custou R$ 119 mil.
A empresária Ana Lívia Barreto e Silva (Cidadania), de 51 anos, teve a segunda maior receita: R$ 705,3 mil. O montante saiu exclusivamente do fundo eleitoral e foi repassado pela direção nacional do partido. A candidata recebeu 2.154 votos e foi a sexta mais votada na federação PSDB-Cidadania.
Ana declarou à Justiça que as despesas dela somaram R$ 103,4 mil. Ela concentrou os gastos em atividades de militância e mobilização de rua (R$ 76,2 mil), alimentação (R$ 12,7 mil) e aluguel de veículos (R$ 7 mil).
A defensora pública Carol Braz (MDB), de 44 anos, recebeu R$ 620 mil para a campanha. A direção nacional do partido enviou para ela R$ 600 mil do fundo eleitoral. Ela também recebeu R$ 20 mil em doação do empresário Denis Benchimol, diretor-presidente da Bemol. Carol recebeu 2.585 votos e foi a oitava mais votada do MDB.
A candidata do MDB declarou à Justiça que contratou R$ 407 mil em serviços para a campanha. A maior parte dos gastos (R$ 238 mil) foi com atividades de militância e mobilização de rua, mas houve também publicidade por materiais impressos (R$ 56 mil) e publicidade por adesivos (R$ 25 mil) .
Matheus Ribeiro (Cidadania), de 29 anos, teve a quarta campanha mais cara: ele recebeu R$ 618 mil. O candidato recebeu 3.800 votos e foi o segundo mais votado da federação PSDB-Cidadania.
O candidato recebeu R$ 318 mil da direção nacional do Cidadania e R$ 300 mil da direção estadual do partido. As transferências foram com recursos do fundo eleitoral.
Por enquanto, Matheus declarou que as despesas dele somaram R$ 219 mil. A maior parte dos gastos são com atividades de militância e mobilização de rua (R$ 103 mil). Ele também gastou com serviços advocatícios (R$ 50 mil) e serviços contábeis (R$ 20 mil).
A ativista indígena Vanda Witoto (Rede), de 37 anos, recebeu o sexto maior valor: R$ 546 mil. A candidata foi a mais votada do partido, com 8.374 votos, mas a sigla não conseguiu atingir o quociente eleitoral para garantir uma das 41 vagas na Câmara Municipal de Manaus.
A candidata da Rede recebeu R$ 370 mil do fundo eleitoral, transferidos pela direção estadual da Rede Sustentabilidade, e outras doações de pessoas físicas.
A ex-deputada estadual Therezinha Ruiz (União Brasil), de 71 anos, obteve a sétima maior receita (R$ 528 mil). Ela foi a 11º candidata mais votada no partido, com 4.378 votos.
Therezinha recebeu R$ 489 mil da direção nacional do partido, originado do fundo eleitoral. Ela também recebeu algumas doações de pessoas físicas, inclusive dela mesma.
As despesas da candidata alcançaram R$ 79 mil até o momento, a maior parte (R$ 24,4 mil) com atividades de militância e mobilização de rua.
A delegada Débora Mafra (PSD), de 55 anos, recebeu R$ 526 mil para gastar na campanha. O montante foi transferido pela direção nacional do partido e saiu do fundo eleitoral. A candidata recebeu 4.519 votos e teve a sétima melhor votação no partido.
Até quarta-feira (16), Débora declarou que as despesas dela totalizaram R$ 409 mil. A maior parte (R$ 258.592,00) foi despesas com pessoal. Ela também gastou R$ 65 mil com publicidade por materiais impressos e R$ 30 mil com serviços contábeis.
A oitava maior receita foi do vereador reeleito Diego Afonso (União Brasil): R$ 515 mil. O candidato, de 40 anos, recebeu 10.753 votos.
Até o momento, Diego declarou ter contratado R$ 462 mil em despesas, sendo a maior parte (R$ 136,7 mil) com atividades de militância e mobilização de rua. A produção de programas de rádio, televisão ou vídeo custaram ao candidato R$ 50 mil e a publicidade por adesivos, R$ 41 mil.
A ex-secretária de educação Kuka Chaves (União Brasil), de 56 anos, teve R$ 514,5 mil para gastar na campanha. Desse valor, R$ 489 mil foi enviado pela direção nacional do partido a partir do fundo eleitoral. A candidata recebeu 2.337 votos, a 15ª votação no ranking de candidatos do União Brasil em Manaus.
Kuka declarou à Justiça que as despesas da campanha dela totalizaram R$ 120 mil, sendo R$ 52 mil com atividades de militância e mobilização de rua, R$ 35 mil com serviços prestados por terceiros e R$ 15 mil com despesas com pessoal.
A empresária Nícia Andrea Mota Medeiros, a Dedeia Medeiros (União Brasil), de 52 anos, teve a décima maior receita para a campanha: R$ 493,8 mil. Quase todo o valor (R$ 489 mil) foi enviado pela direção nacional do União Brasil e saiu do fundo eleitoral.
Dedeia declarou que gastou R$ 212,5 mil mil na campanha, incluindo atividades de militância e mobilização de rua (R$ 107,5 mil), serviços advocatícios (R$ 30 mil) e serviços contábeis (R$ 20 mil).
Menores gastos
Desconsiderando os 389 candidatos que não receberam um centavo, as dez campanhas mais baratas custaram entre R$ 180 e R$ 1 mil.
Maria Lucimar (PRTB), de 49 anos, arrecadou o menor valor de doações: R$ 180, sendo uma transferência de R$ 100 e outra de R$ 80. Ela ainda não declarou como gastou o valor. Ela recebeu 375 votos.
Crisóstomo Teles (Mobiliza), de 50 anos, doou para a própria campanha R$ 185. O candidato declarou que gastou o valor com materiais impressos. Crisóstomo recebeu 175 votos.
Claudemir Martins Feitosa (PSB), de 44 anos, arrecadou R$ 200, doado por uma pessoa. O candidato ainda não informou como gastou o valor. Ele obteve 892 votos.
O arquiteto Úlli Toledo (PRTB), de 45 anos, declarou receita de R$ 304,20, proveniente de doação feita por ele mesmo. O candidato ainda não comunicou como gastou o dinheiro. Ele recebeu 380 votos.
Cláudio Viana (DC), de 64 anos, doou para a própria campanha R$ 390. Ele também não comunicou a Justiça Eleitoral como gastou o dinheiro. O candidato obteve 343 votos.
Denison Rezende (PSB), o “Ronaldinho Show”, de 38 anos, declarou ter recebido R$ 600 e gastado R$ 461,90 com impulsionamento de conteúdo. O candidato recebeu 261 votos.