Por Mônica Bergamo, da Folhapress
SÃO PAULO – O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) abriu inquérito para apurar se a White Martins cometeu infrações à ordem econômica ao interromper abruptamente o fornecimento de CO2 para fabricantes de refrigerantes.
Empresários do setor afirmam que, ao mesmo tempo em que ficaram sem o insumo, a companhia manteve o abastecimento do gás para grandes indústrias como a Coca-Cola. O CO2 é essencial na fabricação de bebidas gaseificadas.
Em maio, o deputado federal Enio Verri (PT-PR) entrou com uma representação no Cade pedindo uma investigação sobre o caso. Em despacho publicado na quarta (29), o superintendente-geral do órgão, Alexandre Barreto de Souza, determinou a abertura do inquérito administrativo.
Segundo a denúncia apresentada pelo parlamentar, ao continuar o fornecimento do CO2 para a Coca-Cola e deixar outros fabricantes sem a matéria-prima a White Martins “fere os interesses da coletividade, impede o público consumidor de ter acesso a uma maior diversidade de produtos no mercado, possibilita a manipulação de preços ao consumidor final e viola as garantias constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência”.
Os empresários afirmam que o problema começou em março. Eles dizem que foram informados sobre a interrupção do fornecimento de CO2 por meio de uma carta. Na ocasião, a White Martins liberou os fabricantes para buscarem o insumo com outras empresas -muitos tinham contrato de exclusividade com a companhia.
O problema, segundo o setor, é que essas outras empresas são incapazes de atender a demanda do mercado, já que a White Martins é a principal fornecedora da matéria-prima no país. Com isso, segundo a Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), o preço do CO2 aumentou de R$ 1,50 para cerca de R$ 20 o quilo.
Alguns empresários tiveram de paralisar as suas produções por causa da falta da matéria-prima. O problema atinge especialmente fabricantes do Sul e do Sudeste do país.
Na ocasião da denúncia, a White Martins disse que estava atuando intensamente para manter o fornecimento aos seus clientes, independentemente do porte. Segundo a companhia, havia restrições “em algumas localidades específicas em função da parada de manutenção da empresa que fornece CO2 bruto para a principal planta de produção da empresa, localizada em Cubatão (SP)”.
Ainda segundo a White Martins, a situação de falhas no fornecimento era temporária. “Os clientes foram avisados antecipadamente de que poderia haver restrições temporárias no suprimento de CO2 em função da prioridade do fornecimento destinado ao armazenamento de vacinas e transporte de órgãos, assim como aplicações ambientais”.
“A companhia reitera que está empreendendo todos os esforços para manter o fornecimento aos seus clientes, trazendo o produto da Argentina, Bolívia, Colômbia e Estados Unidos, além da transferência do CO2 de outras plantas da companhia na Bahia e em Minas Gerais”, dizia a nota.