
Por Daniel Carvalho e Ricardo Della Coletta, da Folhapress
BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta terça-feira, 12, que foi preciso intervir em Manaus porque não se faz na cidade “tratamento precoce” contra Covid-19.
“Mandamos ontem (segunda-feira) o nosso ministro da Saúde (general Eduardo Pazuello) para lá. Estava um caos. Não faziam tratamento precoce”, disse Bolsonaro a apoiadores em vídeo com o selo do canal simpático a ele que geralmente divulga edições do que o presidente fala à sua claque.
Desta vez, antes mesmo da divulgação pelo canal, o trecho de vídeo foi publicado na rede social de Tercio Arnaud Tomaz, assessor especial da Presidência da República e integrante do chamado “gabinete do ódio”.
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Como o jornal Folha de S.Paulo mostrou nesta terça, a Prefeitura de Manaus está sendo pressionada pelo Ministério da Saúde a distribuir remédios sem eficácia comprovada para tratar seus pacientes, como cloroquina e ivermectina.
Além disso, a pasta do ministro Eduardo Pazuello pediu autorização para fazer uma ronda nas Unidades Básicas de Saúde para encorajar o uso das medicações. A alternativa, não utilizá-las, é tratada como “inadmissível” em documento enviado para a secretaria municipal de Saúde de Manaus. A capital do Amazonas e o estado têm batido recordes de internações e mortes e têm sofrido com a falta de leitos e de equipamentos.
“Aumentou assustadoramente o número de mortes. E mortes, pessoal, por asfixia porque não tinha oxigênio. O governo estadual e municipal deixou acabar oxigênio. É morrendo asfixiado. Imagine você morrendo afogado. Fomos para lá e ele interferiu. Estão falando já que interferiu. Então vai deixar o pessoal morrer?”, afirmou.
Pazuello foi até o Amazonas para anunciar medidas de enfrentamento à Covid-19. Pela segunda vez em oito meses, o sistema de saúde do estado opera com dificuldades por causa da alta de casos e mortes provocados pelo novo coronavírus. Após as festas de fim de ano, também houve um aumento no número de enterros, que tende a superar a média diária da primeira onda da doença, em abril do ano passado.
No domingo, 10, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), disse que as empresas que fornecem oxigênio para os hospitais de Manaus não têm mais estoque suficiente para a demanda exigida.
O governo está importando de outros estados para atender a demanda da rede pública de saúde.
Confira a declaração do presidente.