O Brasil foi surpreendido neste domingo, dia 8 de janeiro de 2023, com atos criminosos e terroristas de bolsonaristas que invadiram o Planalto do Planalto, o STF e o Congresso Nacional, destruindo tudo que encontraram pela frente.
São cenas estarrecedoras e absurdas divulgadas pelas televisões e pelas redes sociais, com a turba de criminosos bolsonaristas ensandecidos, invadindo as instalações da sede dos três poderes da República, promovendo um quebra-quebra, destruindo móveis, quadros de pintura, obras de arte, computadores, arrancando porta e cadeiras e jogando para o lado de fora, deixando um rastro de sujeira e desolação.
No Palácio do Planalto subiram pela rampa, onde há uma semana Lula tinha subido para tomar posse como presidente, e fizeram uma sessão de destruição em cada andar do prédio, que é parte do Patrimônio Arquitetônico da Humanidade. Invadiram todas as salas, de cada andar, e nada sobrou inteiro. Roubaram armas não letais, HDs, dentre outros objetos. Não conseguiram entrar na sala do Presidente Lula, pois era blindada. Incrível como conseguiram entrar sem oposição da polícia.
Na invasão ao Supremo Tribunal Federal não foi diferente, pois quebraram janelas, destruíram tudo no plenário do STF, arrancaram porta de armário do ministro Alexandre de Moraes, jogaram as cadeiras usadas por ministros para fora do prédio e também um brasão da República, vandalizaram todo o prédio. Da mesma forma, foi fácil invadir, pois não tinha policiamento.
No Congresso Nacional, além de entrar e ocupar as instalações da Câmara dos Deputados e do Senado, subiram a rampa e uma multidão ficou na cúpula oval do Congresso. Destruíram tudo o que viram nos salões oficiais e ocuparam os plenários do Senado e da Câmara, além de vandalizar instalações de lideranças partidárias, como foi o caso do PT, onde tudo foi destruído. Cenas mostradas posteriormente mostram que a polícia facilitou a entrada dos criminosos no Congresso.
Aliás, no dia a dia, quando alguém quer visitar a Câmara dos Deputados, é muita burocracia, dificuldade e desconfiança, com a polícia da Câmara atenta e armada. O mesmo acontece quando tem professores, enfermeiros, indígenas, trabalhadores reivindicando seus direitos, aí tem polícia para reprimir. Mas neste domingo, parece que de propósito, todos sumiram ou facilitaram.
Dias antes dessa invasão terrorista, muitas pessoas já alertavam que muitos bolsonaristas estavam vindo à Brasília. Mas nenhuma providência tomada para prevenir algum ato ilegal. Por isso, todas as críticas sobre a falha de segurança foram direcionadas para a Polícia Militar do Distrito Federal, na figura do governador do DF. Em vídeos divulgados nas redes sociais, a própria polícia ajuda na caminhada dos criminosos até a Esplanada dos Ministérios e depois muitas imagens de policiais acompanhando de longe, tirando fotografias. Mas, mesmo assim, os bolsonaristas agrediram policiais da cavalaria.
No mesmo dia à noite, o presidente Lula decretou intervenção na segurança pública do Distrito Federal, visto que é prerrogativa prevista na Constituição. A Polícia do Distrito Federal é responsável pela Segurança de toda a estrutura dos poderes instalados em Brasília. Para isso, o Governo Federal repassa anualmente valores bilionários. A outra medida de impacto foi do ministro do STF, Alexandre de Moraes, que afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis, por 90 dias e mandou acabar com todos os acampamentos de bolsonaristas na frente dos quartéis em todo Brasil.
Os acampamentos estão sendo desmontados e mais de 1.000 pessoas já foram presas no DF. Uma ampla investigação estará sendo feita para apurar os culpados de todos os atos criminosos. Importante chegar aos financiadores, pois centenas de ônibus chegaram a Brasília nesses dias, e pelo visto, pagos por pessoas interessadas em instalar o caos no país ou tentar um golpe de Estado. Nos primeiros depoimentos, constatam-se pessoas desempregadas, que foram recrutadas em vários estados para serem a “bucha de canhão” de bolsonaristas golpistas.
Não podemos aceitar as ameaças à democracia e às instituições da República garantidas pela Constituição do país. Os atos antidemocráticos praticados pelos bolsonaristas, após a derrota de Bolsonaro e a vitória do Lula, já eram uma afronta ao Estado Democrático de Direito no Brasil. Mas agora, esses atos praticados vão além, são de caráter terrorista, que assim certamente devem ser tratados com o rigor da lei.
Nesta 2ª feira, atos pela Democracia foram convocados por segmentos organizados em todo o Brasil. Viva a Democracia.
Viva o Governo Lula.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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