Do Estadão Conteúdo
BOA VISTA – A cidade de Pacaraima, em Roraima, teve uma tarde de tumulto neste sábado, 18. Durante uma manifestação, parte da população agrediu e destruiu acampamentos de venezuelanos que vivem na cidade, que fica na fronteira com a Venezuela. Até bombas caseiras teriam sido jogadas em praças e nos abrigos improvisados nas ruas. Alguns venezuelanos também foram expulsos e deixados do outro lado da fronteira. Eles reagiram e uma confusão generalizada foi formada.
A revolta começou após um assalto a um dos moradores da cidade, o comerciante Raimundo Nonato de Oliveira, de 55 anos. Ele teve a casa invadida e foi espancado durante um assalto que teria sido praticado por quatro venezuelanos. Atingido na cabeça, ele foi levado para um hospital da capital, Boa Vista, por causa dos ferimentos.
O governo federal está acompanhando a evolução do confronto. De acordo com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, “a situação está tensa, mas se estabilizou e está sob controle”. O ministro informou que requisitou um avião da Força Aérea para transportar uma equipe de reserva da Força Nacional, de Brasília, para reforçar a segurança local, se houver necessidade. O presidente Michel Temer está sendo informado e as autoridades federais estão monitorando e acompanhando o desenrolar dos acontecimentos no local.
De acordo com o ministro Jungmann, para evitar maiores problemas, o Exército está reforçando a segurança do perímetro do acampamento legalizado, também em Pacaraima. Ao mesmo tempo, a Polícia Federal devolveu os venezuelanos que estavam em situação irregular. O governo quer evitar novos confrontos e o patrulhamento na cidade foi aumentado.
O governo de Roraima afirmou que está enviando reforços para o hospital de Pacaraima, com profissionais de saúde e medicamentos. Além disso, também foi pedido reforço no efetivo policial. Em nota, criticou o governo federal. “A solução para a crise migratória só acontecerá quando o governo federal entender a necessidade de fechar temporariamente a fronteira, realizar a imediata transferência de imigrantes para outros estados e assumir sua responsabilidade de fazer o controle de segurança fronteiriça e sanitária”.
Em nota, a Força-Tarefa Logística Humanitária, composta pelas Forças Armadas e integrada por organismos internacionais, organizações não-governamentais e entidades civis, afirma que repudia os atos de vandalismo e violência contra qualquer cidadão, independentemente de sua nacionalidade. Ainda no texto, a Força-Tarefa Logística Humanitária afirma que busca conter os ânimos dos manifestantes e que um reforço de seu efetivo está sendo mandado para a fronteira. “A Força-Tarefa deslocou parte de sua equipe médica para o Hospital Délio de Oliveira Tupinambá para apoiar eventuais casos, em consequência da manifestação”.