
Do ATUAL
MANAUS — Cogitado para assumir a Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Amazonas, o ex-vereador Caio André gerou rejeição entre artistas, produtores culturais e líderes de grupos de cultura popular de Manaus. Na tarde desta quinta-feira (30), em manifestação no Centro da capital, artistas protestaram contra possível nomeação. A alegação é de que a troca pode comprometer editais e projetos em andamento. Os manifestantes classificaram a indicação como “cabide de emprego”.
“Nós não estamos de acordo com a mexida na Secretaria de Cultura nesse exato momento. Nós temos uma série de editais que estão sendo executados, nós temos editais que estão em andamento. Nós estamos com o trabalho no Conselho Estadual de Cultura, ou seja, nós estamos com o carro andando e vai querer trocar o motorista?”, afirmou Alberto Jorge, coordenador da Aratrama (Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana).
A manifestação ocorreu em frente ao Centro Cultural Palácio da Justiça, na Avenida Eduardo Ribeiro. Atualmente, a secretaria é comandada por Cândido Jeremias, que assumiu o cargo após a exoneração de Marcos Apolo, em outubro de 2024.
“Governador [Wilson Lima], coloque o pé na consciência. O senhor tem o Cândido Jeremias, que já provou para o senhor que é uma pessoa que tem capacidade técnica, que é pessoa de confiança. Então, não mexa nisso que está aí. Essa equipe não é a mais perfeita, mas ela é hoje destaque a nível nacional por ter conseguido executar 100% da Lei Paulo Gustavo, isso é muita coisa, é ponto favorável a seu governo. Então, não se arrisque colocar um aventureiro só por questões de cabine de emprego ou por questões políticas”, disse um dos manifestantes no alto falante.
Os artistas também criticaram a indicação de pessoas sem experiência para cargos estratégicos na cultura. Segundo eles, a gestão cultural exige conhecimento técnico e não pode ser conduzida por critérios meramente políticos. “Não se pode colocar um aventureiro”, alertaram, alegando que a falta de embasamento técnico gera risco de comprometer projetos culturais.
“A cultura é tanto ou mais complexa que a Secretaria da Fazenda, de Saúde. O senhor [governador] precisa respeitar a nós que somos fazedores de cultura, nós não somos seus inimigos, nós não somos pessoas que torcem contra o seu governo, nós queremos que seu governo dê certo. Mas para seu governo dar certo é preciso que o senhor tenha pessoas técnicas, com conhecimento profundo para tocar em frente as ações”, afirmou Alberto Jorge.