EDITORIAL
MANAUS – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), ficaram enlouquecidos com o reajuste de preços dos combustíveis para cima anunciado pela Petrobras na sexta-feira (17) e atacaram a política de preços da estatal, criado em 2017 pelo governo de Michel Temer (MDB).
Ambos apoiaram o golpe contra a presidente Dilma Rousseff (PT), colocaram Michel Temer (MDB) na cadeira de presidente a apoiaram a agora malfadada política de preços da Petrobras. Portanto, nenhum tem conduta moral suficiente para criticar o que ocorre no Brasil a respeito da alta dos combustíveis, porque ajudaram a criar o “monstro” da política de preços que se alimenta da renda dos trabalhadores brasileiros e engorda as contas bancárias de bilionários investidores privados da estatal.
Lira e Bolsonaro, quando criticam a diretoria da Petrobras, têm o mesmo propósito: interferir no processo eleitoral e salvar a candidatura do presidente à reeleição.
E a Petrobras, ao anunciar um novo aumento de preços justamente quando a Câmara dos Deputados aprova a redução de impostos sobre os combustíveis para tentar reduzir os preços ao consumidor, dá um “tapa na orelhe” do centrão – que tem Lira como principal representante –, de Bolsonaro e de seus aliados.
É necessário lembrar, no entanto, que o atual presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, não foi colocado no cargo pela oposição. Foi uma escolha do presidente Jair Bolsonaro. Aliás, está no cargo o terceiro presidente da companhia desde que Bolsonaro assumiu o governo, em 2019.
O primeiro presidente, Roberto Catello Branco, foi tirado do cargo em fevereiro de 2021 exatamente porque a Petrobras não parava de aumentar os preços. Bolsonaro colocou, então, um militar, Joaquim Silva e Luna, para administrar a estatal. Neste ano, os aumentos de preços vieram com muito mais força, e Bolsonaro tirou o militar, em março, para colocar um civil.
Agora, pelo mesmo motivo – o aumento de preços –, o presidente e seus aliados clamam pela renúncia do atual presidente. Renúncia, porque Bolsonaro não pode demitir o presidente de imediato. A troca só pode ocorrer em assembleia extraordinária de acionistas da empresa, que deve aprovar novos nomes indicados pelo governo para compor o Conselho de Administração. Não há assembleia agendada e a previsão é de que só poderia ser realizada em julho.
Como se vê, Bolsonaro e aliados estão de mãos atadas e buscam a qualquer custo reduzir os preços dos combustíveis, mas só agora, tardiamente, percebem que sem mexer na política de preços da Petrobras, não poderão conter os aumentos.
A festa que promoveram quando Michel Temer e o então presidente da Petrobras, Pedro Parente, criaram a tal política de preços da Petrobras, durou anos, e só agora vem a ressaca.
A política de preços da Petrobras nunca foi unanimidade entre políticos e analistas, mas sempre foi defendida “com unhas e dentes” pelo centrão e pelo ministério da Economia de Paulo Guedes, que se diz liberal.
Em 2018, essa política resultou na greve dos caminhoneiros, que parou o país e gerou desabastecimento em toda a cadeia econômica.
Agora, Bolsonaro teme uma nova greve, mas, diferente de Temer, que optou por não concorrer à reeleição em 2018, o presidente da República luta por um novo mandato. É isso o que explica o desespero de Bolsonaro e de Lira.
Não há preocupação com os consumidores que estão pagando o combustível mais caro do mundo se comparados os preços com a renda média do brasileiro.
Tanto é verdade que Bolsonaro e aliados queriam que a direção da Petrobras segurasse os preços por mais alguns meses, até a eleição. Depois, sob qualquer resultado, a empresa poderia voltar à carga contra os consumidores.
Ao chamar de “Golpe” um processo de Impeachment democraticamente instruído e o julgamento final presidido pelo Presidente do STF na época, Ricardo Lewandowski, vcs não só apenas perdem a sua isenção política, tão preciosa hoje em dia, mas repetem “Fake News” propagadas pelo PT, que tanto reclamam do atual Governo.