Da Redação
MANAUS – Após ser preso na cidade de Pacaraima, na tarde de sexta-feira, 15, o analista judiciário Rafael Fernandez Rodrigues, 31, confessou que assassinou a Miss Manicoré Kimberly Karen Mota, 22, porque encontrou mensagens no celular dela que “o aborreceram”, segundo o delegado Paulo Martins, da DEHS (Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros).
Rafael, que chegou a Manaus na noite de sábado, 17, disse que tentou entrar na Venezuela, mas foi barrado porque a fronteira está fechada em razão da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). “Lá ele pediu refúgio a venezuelanos que moram bem na fronteira do Brasil com a Venezuela”, disse Paulo Martins.
De acordo com a Polícia Civil, Rafael contou que na noite do assassinato, por volta de meia-noite, Kimberly foi ao banheiro e deixou o celular na cabeceira da cama. Ele conseguiu acessar o aparelho celular e viu algumas mensagens no telefone dela que o aborreceram. Em seguida, ele foi até a cozinha e pegou uma faca para cometer o crime.
“Ele foi na cozinha, escondeu a faca atrás, deitou do lado dela na cama, e numa distração dela ele deu a primeira facada nela. Foi essa a versão que ele deu para nós. Ela não esboçou reação, até porque a primeira facada, segundo ele, foi muito violenta, então ela já ficou quase que desfalecida”, disse Paulo Martins.
Ainda de acordo com o delegado, após perceber que Kimberly já estava morta Rafael tentou tirar o corpo de dentro do apartamento para o esconder, mas não conseguiu. “Ele levou ela para dentro do banheiro, lavou ela na tentativa de vesti-la. (…) Como ele estava muito nervoso ele deixou ela dentro do apartamento e fugiu”, afirmou Martins.
O delegado disse que Rafael confessou que após matar Kimberly ficou “atordoado” e “não sabia para onde ir”. Ele ligou para o pai, Nilton Rodriguez, para falar sobre o assassinato e foi aconselhado a se entregar à polícia, mas preferiu fugir. “O pai dele orientou ele a se entregar e ele não obedeceu ao pai. Ele resolveu fugir”, afirmou Martins.
Na fuga, Rafael, que tinha objetivo de chegar a Venezuela, errou o caminho e seguiu pela rodovia AM-010, que liga Manaus a Itacoatiara. “Ele errou o caminho de tão atordoado que ele estava e retornou. No retorno, ele jogou o telefone da vítima fora em uma área de mata e entrou na rodovia BR-174 e foi no sentido de Boa Vista, tentar chegar até a Venezuela”, disse.
O delegado Martins disse que Rafael foi identificado na barreira sanitária, na rodovia BR-174, e seguiu viagem. Antes de chegar no município de Caracaraí, em Roraima, ele capotou o veículo e sobreviveu com lesões leves. Ele foi socorrido por um motorista de caminhão e pegou carona até Boa Vista. Da capital roraimense, ele pegou um táxi para chegar a Pacaraima.
Após a tentativa frustrada de entrar no país venezuelano e receber abrigo de moradores da fronteira, Rafael tentou novamente ultrapassar uma barreira sanitária na Venezuela, mas foi barrado e ameaçado. “Ele disse que quase matam ele. Ele teve que pagar R$ 1 mil para poder voltar para Pacaraima. Caso contrário, os venezuelanos iriam matá-lo”, disse.
De acordo com o delegado, Rafael disse que está arrependido e que cometeu o crime em “momento de raiva e sem pensar”. Paulo Martins afirmou que Rafael já sabe que o pai dele cometeu suicídio em São Paulo e “está muito triste com relação a isso”. Ele está se culpando inclusive da morte do pai”, afirmou.
Rafael Fernandez foi interrogado na noite de sábado pela delegada Zandra Ribeiro, da DEHS. Ele não passou por audiência de custódia por contra de medidas preventivas adotadas pelo TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas) para reduzir os riscos de contaminação pelo coronavírus.
De acordo com o TJAM, os magistrados de plantão vêm analisando nos autos a legalidade das prisões em flagrante; decidindo suas respectivas homologações ou relaxamentos; julgando a aplicação de medidas cautelares, entre outros, após a manifestação do Ministério Público e de eventual pedido da defesa, no entanto, sem a presença do preso e a realização de audiência.
No caso de Rafael Fernandez, o TJAM informou que o processo seguirá seu curso normal, neste momento no âmbito da referida Central de Inquéritos do TJAM, para onde o processo já foi distribuído.