Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Após ser presa na Operação Sangria, do MPF (Ministério Público Federal) e Polícia Federal, no último dia 30 de junho, a ex-secretária de Saúde do Amazonas Simone Papaiz afirmou que está decepcionada, abalada e se sentindo injustiçada porque não assinou documentos referentes a compra de 28 respiradores por R$ 2,9 milhões.
A declaração consta em uma carta com pedido de demissão enviada ao governador Wilson Lima (PSC) na segunda-feira, 6, mesmo dia em que ela foi exonerada. Na ocasião, Papaiz agradeceu ao governador pela “oportunidade de ter contribuído com o sistema de saúde do Estado do Amazonas nesse momento de crise”.
“Gostaria também de declarar minha decepção com a situação de determinação de prisão em face da minha pessoa, sabendo que eu não tinha qualquer responsabilidade sob os documentos assinados anteriormente a minha nomeação, de modo que estou abalada e me sentindo injustiçada”, afirmou Papaiz, na carta.
A prisão temporária da ex-secretária foi determinada pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Francisco Falcão a pedido do MPF. A subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo sustentou que após assumir o cargo Simone “aderiu aos propósitos do grupo criminoso e passou a agir de modo a acobertar os crimes praticados”.
O caso envolve a compra dos respiradores considerados inadequados e com suspeita de superfaturamento de, pelo menos, R$ 496 mil, conforme a PGR (Procuradoria-Geral da República). A compra foi homologada no dia 8 de abril pelo ex-secretário João Paulo Marques, que assumiu interinamente o comando da Susam com a saída do ex-secretário Rodrigo Tobias.
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Na carta enviada ao governador Wilson Lima, Papaiz afirmou que deixa o cargo “com a convicção de que todos os esforços no período da pandemia foram utilizados para apresentar respostas de ampliação de assistência do sistema de saúde e com isso recuperar e salvar muitas vidas”.
A advogada de Papaiz, Catharina Estrella, afirmou que a ex-secretária “sempre agiu de forma técnica e responderá pelos seus atos enquanto no exercício do seu mandato”. Mas, em relação a compra dos respiradores, Papaiz não assumirá a responsabilidade porque ainda não era secretária e não assinou qualquer documento referente ao processo.
“Pior mês”
Catharina Estrella afirmou que Papaiz assumiu o comando da Susam “no pior mês da pandemia” e que o esforço dela “enquanto estava no cargo era ampliar o sistema de saúde para atender a população”. No mesmo mês, Papaiz foi diagnosticada com Covid-19 e precisou realizar tratamento médico e cumprir o isolamento social.
De acordo com Estrella, esse cenário acabou gerando o atraso na entrega de documentos aos órgãos de fiscalização, incluindo o TCE-AM (Tribunal de Contas do Amazonas), que pediu a demissão dela. “Os atrasos no encaminhamento de documentos aos órgãos de controle não ocorreram de forma intencional, mas pelas circunstâncias que a pandemia ocasionou”, afirmou a advogada.
Veja a carta enviada pela ex-secretária Simone Papaiz ao governador Wilson Lima: