MANAUS – O Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Universidades) divulgou nota em que repudia os ataques do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao ensino de filosofia e sociologia. Na quinta-feira, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, ao lado do presidente, em um vídeo, defendeu descentralizar os investimentos para os cursos de filosofia e sociologia no país.
Nesta sexta-feira, Bolsonaro voltou ao assunto nas redes sociais e disse que o objetivo da proposta em estudo é “focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte.”
Para o presidente, a função do governo “é respeitar o dinheiro do pagador de impostos, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta”, escreveu no Facebook.
Abaixo, a nota do Andes
NOTA DA DIRETORIA DO ANDES-SN CONTRA OS ATAQUES À FORMAÇÃO NA ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS
Na manhã desta sexta-feira, 26 de abril, o presidente Bolsonaro, por meio de sua conta de Twitter, anunciou que pretende atacar os investimentos “em faculdades de filosofia e sociologia (humanas)” em favor de “um ofício que gere renda” (SIC).
Ao mesmo tempo em que o presidente prometeu R$ 40.000.000,00 para verba de emendas parlamentares para quem votar a favor da reforma da previdência, ele justifica o ataque contra cursos de ciências humanas no ensino superior por um suposto respeito ao contribuinte. Segundo o presidente, cabe à educação garantir apenas o aprendizado da leitura, da escrita e de fazer contas matemáticas.
Desta forma, o presidente pretende reduzir o campo de possibilidades para a formação humana daquelas e daqueles que dependem única e exclusivamente da educação pública e gratuita, além de expressar que o projeto da extrema-direita para o país é de uma educação cada vez mais restrita e alienante, que não permita uma compreensão da realidade social.
As taxas alarmantes de desemprego, para o presidente, não são resultado da crise econômica, da política de austeridade, do sistema da Dívida Pública que favorece banqueiros em detrimento dos investimentos sociais em educação, saúde, Seguridade Social, etc. A solução proposta é a destruição da formação humana, a redução das possibilidades de escolha para o(a)s jovens da classe trabalhadora.
O ataque contra a filosofia, a sociologia e outras áreas das ciências humanas é parte da suposta “guerra cultural” alimentada pelo presidente, por gurus obscurantistas e fundamentalistas religiosos, que hoje buscam uma educação domesticadora, tecnicista e anti-intelectual.
O ANDES-SN repudia tais ataques e reafirma seu projeto em favor da educação pública, gratuita, laica e socialmente referenciada. Para formar indivíduos autônomos, que se apropriam do patrimônio cultural, artístico e científico, historicamente produzido pela humanidade é necessária uma formação humana em que a filosofia, a sociologia e outras ciências estejam presentes. Não existe emancipação humana sem educação pública de qualidade!Pelo direito de ensinar e aprender!
Por educação, ciência e tecnologia públicas!
Brasília (DF), 26 de abril de 2019
Diretoria do ANDES – Sindicato Nacional