
Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – A gerência técnica da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) recomendou à Prefeitura de Parintins (município a 369 quilômetros de Manaus), nesta quarta-feira (9), que realize a repavimentação total da pista de pouso e decolagem do Aeroporto Júlio Belém.
A sugestão foi feita em meio às tratativas para liberação do aeródromo, cuja operação para aviões turbojatos foi suspensa em dezembro de 2024 devido a falhas na infraestrutura que representam riscos à segurança de passageiros. O aeroporto é administrado pelo município, que está reformando a estrutura. Para manter as operações, a Azul Linhas Aéreas tem usado aviões turboélices, com capacidade para transportar até 70 passageiros.
“Tendo em vista as tratativas para revogação da medida acautelatória relativa à proibição de operações de aeronaves com motor à reação [motor a jato], […] apresenta-se avaliação preliminar sobre a amplitude dos trabalhos de recapeamento da pista de pouso e decolagem e pátio de estacionamento de aeronaves”, diz trecho do ofício enviado pela Anac à Prefeitura de Parintins.
“Recomenda-se que os trabalhos de recapeamento da pista de pouso e decolagem sejam realizados em toda a sua extensão […] A execução de nova camada asfáltica contribuirá para o aumento da vida útil das áreas pavimentadas, evitando a formação de patologias do revestimento que propiciem infiltrações futuras e afetem a integridade estrutural e a capacidade de suporte das camadas”, diz outro trecho do documento.
A prefeitura quer liberar o aeródromo para aviões turbojatos, que têm capacidade de transportar mais passageiros, em tempo hábil para as operações durante o período do Festival de Parintins, evento que reúne milhares de pessoas no fim de junho. Entretanto, o cronograma de obras prevê a conclusão do recapeamento completo da pista até outubro.
Em março, a prefeitura enviou à Anac um cronograma de serviços prevendo a repavimentação de 600 metros da pista até junho e de outros 600 metros até o fim do ano.
No dia 31 de março, a prefeitura comunicou que parte do aeródromo foi restringida para o recapeamento da pista, sem prejuízos aos voos comerciais, como os da linha aérea Azul e voos gerais, particulares e aeromédicos.
“Estamos buscando soluções para que o aeroporto funcione com mais qualidade e segurança para população. Esta semana nós solicitamos a restrição das operações parciais no período de 60 dias, que será do dia 18 de abril ao dia 18 de junho, para que possamos fazer o recapeamento total dos primeiros 600 metros da pista do aeroporto Júlio Belém”, afirmou o diretor do aeroporto, Jean Jorge.
A recomendação da Anac para repavimentação total da pista é resultado da avaliação preliminar da amplitude do recapeamento necessário, feita com base nos resultados obtidos na última avaliação de PCI (Avaliação Funcional do Pavimento), realizada em setembro de 2023.
Na PCI, os resultados indicaram problemas na pavimentação ao longo de toda a extensão da pista e também no pátio de estacionamento de aeronaves. Nenhuma das amostras coletadas em cada etapa da pista foi classificada como “excelente”, o que reforça o diagnóstico de deterioração.
A gerência também considerou a inspeção feita em fevereiro deste ano e a “aparente idade do pavimento hoje aplicado”.
Suspensão
O relatório que embasou a decisão da Anac de suspender pousos e decolagens no Aeroporto Júlio Belém, em dezembro de 2024, indicou diversas falhas na infraestrutura do aeródromo.
O documento apontou que “o aeródromo não reúne condições de receber voos de aeronaves de asa fixa com motor à reação, haja vista o comprometimento da segurança devido às más condições da pista de pouso e decolagem, com existência de trincas com afloramento de vegetação e existência de desagregação”.
A manutenção aeroportuária foi classificada como “crítica” por técnicos da agência que inspecionaram o local em outubro. Eles identificaram “defeitos críticos” na superfície da pista de pouso e decolagem, incluindo rachaduras e pedras soltas. Além disso, manifestaram preocupação pela existência de depósito de lixo nas proximidades do aeroporto.
No dia 20 de janeiro, representantes da prefeitura se reuniram com técnicos da Anac para tratar das operações no aeroporto. Na ocasião, a prefeitura comunicou que já estava realizando os reparos, mas a Anac cobrou informações detalhadas do projeto.
“A Anac espera que perigos relacionados à excursão de pista e ingestão de objetos estranhos sejam mitigados com a realização dessa obra, em conjunto com outras ações que se façam necessárias”, diz trecho de um ofício enviado à direção do aeroporto.
Em março, ao pedir a liberação do aeródromo, a prefeitura enviou à Anac um relatório fotográfico das obras que estão sendo realizadas no aeroporto, incluindo a repavimentação da pista.
“Atendendo ao pedido da Agencia Nacional de Aviação Civil (ANAC), foi executado os serviços de recuperação da pista de pouso no aeroporto Júlio Belém e tem como finalidade dar segurança no pouso e decolagem das aeronaves de pequenos e grande portes que embarcam e desembarcam na cidade de Parintins”, diz um dos relatórios.
A pista deveria ser a básica e mínima de 2.200 x 45m de comprimento para acompanhar o tráfego dos próximos 07 anos, onde a frota nas aéreas brasileiras será 85% de aeronaves de 170 a 230 passageiros.
E de onde virá a verba para essa adequação?
Virá dos próprios PASSAGEIROS e EMPRESAS AÉREAS que arrecadam em taxas obrigatórias através do FNAC, Fundo Nacional de Aviação Civil, até R$ 5.500.000.000,00 todo ano. Isso mesmo, R$ 5,5 Bilhões de Reais para aplicação em infraestrutura aeroportuária, aumento de pista de pouso, estação de passageiros, etc. etc.