Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O senador Omar Aziz (PSD) disse, nesta segunda-feira, 19, em entrevista à rádio CBN, que a ausência de barreiras sanitárias em aeroportos do Brasil nos primeiros meses de 2020 é um dos fatos a serem investigados pela CPI da Covid. Ele afirmou que, no Amazonas, a Covid-19 chegou através de aviões procedentes dos Estados Unidos.
“Aqui no Amazonas, o Covid chegou por aviões vindo dos Estados Unidos. Amazonenses de classe média alta que foram passar férias em janeiro e fevereiro nos Estados Unidos, principalmente Miami e Los Angeles, trouxeram o Covid. Foram os primeiros pacientes dos hospitais particulares do Amazonas”, disse Aziz.
A eleição do presidente e do relator da CPI da Covid será realizada na quinta-feira, 22. As articulações do PSD e MDB, que têm 4 titulares na comissão, e de outros partidos que se intitulam independentes e de oposição, indicam que Omar Aziz será o presidente e Renan Calheiros (MDB-AL) o relator.
O senador disse que o governo federal deveria ter feito barreiras sanitárias nos aeroportos. “O país passou, no ano passado, de fevereiro até meados de julho como se nada tivesse acontecendo. Todo mundo andando nos aeroportos sem máscara. Um ou outro que falava sobre esse assunto”, afirmou.
Omar disse que a CPI terá auxílio de infectologistas e sanitaristas para mostrar “quais foram os erros cometidos”. Além da falta de barreiras sanitárias, ele citou a ausência de acordos com fabricantes e consórcios internacionais para compra de vacinas, como foi o caso da Pfizer.
“O Brasil não fez os acordos internacionais, os consórcios foram feitos mundo a fora para compra de vacinas. O Brasil é um país que mantém relações comerciais com o mundo todo. Nós não boicotamos ninguém e ninguém boicota o Brasil. O Ministério das Relações Exteriores não conseguiu nem negociar insumos da China, que é o maior parceiro comercial que nós temos. A Pfizer, no ano passado, não firmou acordo na venda de vacinas para o Brasil e ninguém sabe até porquê, está mal explicado”, disse Aziz.
O senador disse que o dinheiro enviado aos governos estaduais e municipais será avaliado com “lupa”. “Os recursos que o Congresso Nacional aprovou para os estados e municípios foram muito significativos. A assessoria vai com lupa verificar quanto chegou, o que foi comprado, o que foi gasto”, afirmou Aziz.
Omar disse que a comissão investigará a compra de medicamentos sem eficácia pelos prefeitos. “A OMS, desde o primeiro momento, era contra a cloroquina. Prefeito não pode ter comprado cloroquina. Ele não tinha nenhuma indicação profissional e científica para cloroquina. Se comprou, comprou errado”, disse.
Ao afirmar que a comissão não terminará em pizza (sem nenhum resultado), o parlamentar disse que “a prova maior são 373 mil mortos no Brasil”. “Como a gente vai terminar uma CPI em pizza se 26% do óbitos do mundo estão no Brasil? É impossível. Nós temos que saber o que nós erramos”, afirmou.
Omar disse, no entanto, que a comissão não tem poder de punição. Ela vai apenas investigar os fatos e encaminhar as provas (se houver) para os órgãos competentes, como o MPF (Ministério Público Federal) e a Polícia Federal. “Eles, sim, irão tomar as devidas providências”, disse o senador.
“Até porque não é normal. O Brasil é um país de uma economia muito grande, nós temos aí em torno de 2,5% da população mundial (200 milhões de habitantes) e nós temos quase 27% de mortes do mundo todo. A desproporcionalidade entre a população e o número de óbitos no Brasil é muito grande”, completou Aziz.
Omar descartou a possibilidade de ouvir o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Não vejo razão para isso. Nós vamos investigar problemas de Covid. Paulo Guedes não é ministro da Saúde. Se depender de mim, não tem porquê ele ser convocado”, disse o senador.
Esse Senador não tem isenção nenhuma pra investigar ninguém.