
Por Soraia Joffely, do ATUAL
MANAUS – “Limpar o nome” é uma das principais motivações para a tomada de crédito por 27% dos amazonenses, segundo dados do estudo “Finanças regionais: as diferenças nas relações com o dinheiro entre os estados do Brasil”, realizado pelo Serasa em parceria com o Instituto de Pesquisa Opinion Box, divulgado nesta quarta-feira (20).
Esse comportamento é criticado pelo Serasa, porque não tem ajudado a tirar os consumidores do atoleiro das dívidas. Conforme o mapa da Inadimplência da Serasa, o Amazonas tem mais de 1,5 milhão de inadimplentes – cerca de 40% da população –, totalizando R$ 6,7 bilhões em dívidas.
Ainda segundo Serasa, a maior parte das dívidas no Amazonas está concentrada em três setores: bancos e cartões (26,90%), varejo (26,77%) e utilidades (17,01%). Assim, o estado possui 52,44% da população adulta inadimplente, percentual acima do índice nacional, que é de 43,88%.
Nesta 2ª edição do Sesara Comportamento, o estudo buscou entender o comportamento dos consumidores de cada estado brasileiro com suas finanças pessoais. A pesquisa foi realizada entre os dias 27 de julho a 1° de setembro deste ano.
Para a solução no atraso de contas, mais de 80% da população do Amazonas busca o cartão de crédito como saída para o pagamento de dívidas, o que reflete na marca de mais de 50% de devedores no estado.
Também foi exposto no relatório que no Amazonas o uso de boleto se sobressai como principal meio de pagamento entre os formatos Pix, Dinheiro e Cartão de crédito, com 35%.
Para Alon Hans, consultor financeiro, a motivação para limpar o nome, vinda dos amazonenses, não significa que a inadimplência seja baixa.
“Pode ser que os amazonenses tenham uma maior conscientização sobre a importância de manter o nome limpo e busquem resolver suas dívidas, mesmo que estejam em situação de inadimplência. Além disso, pode haver fatores socioeconômicos que influenciem nessa percepção e disposição para regularizar a situação financeira”, disse.
De acordo com Felipe Schepers, CEO do Instituto de Pesquisa Opinion Box, a procura pela tomada de crédito reflete o uso equivocado da modalidade. “O sonho seria que a tomada de crédito fosse para adquirir um imóvel, um automóvel, fosse para estudos, para abrir também um negócio. O certo é estar relacionado com planos. E não para remediar situações”, ressaltou Felipe.
O estudo também identificou quais as razões para a utilização em massa do crédito, tendo em vista que o levamento mostra que a busca por essa modalidade no Brasil é alta, e o Amazonas ocupa a terceira posição, com 57%.
A gerente da Serasa e especialista em finanças, Patrícia Camilo, afirma que serviços básicos estão no topo de aquisição do crédito. “O que chama a atenção no uso é a compra de supermercados. Ele apareceu aqui, então é uma compra básica, do dia a dia. Ou seja, o crédito ele vem com essa finalidade para a população. Mas também é importante especificar que o certo é usá-lo em compras duráveis, que tenham uma duração de longo prazo”, explicou.