MANAUS – Já se passaram 29 anos da primeira notificação de transmissão vertical de Aids (da mãe grávida para o bebê), a temida doença causada pelo vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana). Entretanto, o número de casos não tem diminuído como esperado. O Amazonas é o 6º Estado brasileiro com a maior taxa de detecção em crianças menores de 5 anos, conforme o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. A cada 100 mil habitantes, são registrados 5,8 casos, estatística superior a 3,4 da média nacional.
Segundo o infectologista e assessor médico do Laboratório Sabin, Alexandre Cunha, o recém-nascido portador do vírus tem mais facilidade de adquirir doenças como pneumonia, diarreia, infecção de ouvido, infecção de pele, além de ter dificuldade de ganhar peso e crescer. Se não tratado, infecções oportunistas podem levar à morte. Desta forma, os cuidados com a criança precisam ser reforçados.
“Para diagnosticar a infecção pelo HIV, tanto em recém-nascido quanto em adultos, é necessário realizar os exames de sangue de triagem e de confirmação, sorologias e testes de biologia molecular, que seguem fluxo específico para cada faixa etária”, explica o especialista.
Desde o primeiro caso de Aids no Brasil, em 1980, o país contabiliza aproximadamente 718 mil pessoas com a doença, segundo o levantamento do governo federal. Para reforçar a solidariedade, tolerância e compreensão com as pessoas infectadas pelo vírus, a Assembleia Mundial de Saúde, com apoio da organização das Nações Unidas (ONU), instituiu o 1º de dezembro como o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, adotado pelo país desde 1988.
Preocupado com o bem estar da comunidade, o Laboratório Sabin apoia a única instituição que dá assistência aos menores que sofrem com a doença no Amazonas, a Associação de Apoio à Criança com HIV (Casa Vhida). Em 2011, as casas de atendimento a adultos com HIV/Aids passaram a contar com incentivo financeiro do governo federal destinado ao custeio das ações desenvolvidas com crianças e adolescentes.
Segundo a coordenadora técnica da Organização Não Governamental (ONG), Hérica Amorim, atualmente, 236 pacientes soropositivos são atendidos pela Casa Vhida, dos quais 12 estão sob regime de acolhimento institucional.
As crianças são referenciadas pela Fundação de Medicina Tropical (FMT). Quando há suspeita de que a criança possa vir ao mundo com o vírus HIV, automaticamente os pais recebem a orientação de procurar a Casa Vhida. No local, um cadastro é feito, justamente para marcar todos os procedimentos. “As crianças são acompanhadas e passam por três exames. Durante este processo todas são classificadas como ‘bebê exposto ao HIV’”, destacou Hérica.
Amparo
No local, as crianças recebem reforço educacional, por conta da equipe de professores em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semed), além de assistência médica e social.
É preciso estar sempre de olho na alimentação destas crianças. A nutróloga Silvana Benzecry, que atende pacientes da Casa Vhida, comenta que a primeira recomendação para um bebê com HIV é não receber o leite materno, pois existe grande chance de transmissão através do aleitamento de mãe infectada.
Além disso, por conta dos medicamentos adequados para o tratamento, que podem causar efeitos colaterais, como gastrite, uma dieta especial precisa ser elaborada. De acordo com Silvana, alimentação é a base do crescimento, por isso o acompanhamento precisa ser rigoroso.
Diagnóstico precoce
Poderia ser uma novela, onde a trama demora a desenrolar, mas, no caso da Aids, a revelação é fundamental para o sucesso do tratamento das crianças contaminadas. Isto porque o HIV ataca as células de defesa do corpo, deixando o organismo vulnerável a diversas doenças.
Segundo indicações do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (DST-AIDS), “não basta contar o diagnóstico. É preciso explicar todas as mudanças que a doença traz”. Caso a criança não tenha conhecimento do seu diagnóstico, pode ter o atendimento prejudicado, comprometendo principalmente o autocuidado.
Embora a doença ainda não tenha cura, os avanços medicinais garantem mais qualidade de vida aos soropositivos. Há 16 anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) garante acesso universal a todos os medicamentos necessários para o combate ao vírus HIV. Além disso, oferece tratamento antirretroviral a 97% dos brasileiros diagnosticados com Aids. O Ministério da Saúde disponibiliza 20 antirretrovirais.
(Com informações da assessoria do Laboratório Sabin)