BRASÍLIA – O aumento da mediana das expectativas para o IPCA de 2016, revelada nesta terça-feira, 8, no Relatório de Mercado Focus não pode ser atribuído desta vez à alta dos preços administrados. Segundo o mesmo documento, divulgado pelo Banco Central, a mediana das previsões para esse conjunto de itens no ano que vem caiu de 5,92% para 5,88%. Há quatro semanas, estava em 5,90%. Para 2015, as estimativas do mercado financeiro para os preços administrados seguiram inalteradas em 15,20% de uma semana para outra. Um mês atrás, a pesquisa apontava taxa de 15,14% para esse conjunto de itens.
Essas projeções são mais pessimistas que as do Banco Central. Segundo a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC estima uma variação de 14,8% em 2015 ante 12,7% da reunião do Copom de junho. Para 2016, as previsões da autoridade monetária passaram de 5,3% para 5,7% no mesmo período. A piora da expectativa do BC considerou em suas análises a hipótese de variação de 9,2% o preço da gasolina e de 4,6% no de gás de botijão. No caso das tarifas de telefonia fixa, o colegiado prevê uma retração de 3%, mas uma alta de 50,9% no da energia elétrica. Esta semana, o BC vai divulgar nova ata, com a atualização das previsões.
Superávit
Com o dólar em firme tendência de alta, as estimativas do mercado financeiro para as variáveis do setor externo seguem mostrando melhora. De acordo com o Relatório de Mercado Focus, a mediana das previsões para o superávit da balança comercial de 2016 subiu de US$ 16,80 bilhões para US$ 20 bilhões – quatro edições atrás do documento, estava em US$ 15 bilhões. Para 2015, o ponto central da pesquisa foi ajustado de US$ 8 bilhões para US$ 8,90 bilhões de uma semana para outra. Quatro boletins atrás, estava em US$ 7,70 bilhões.
No caso das previsões para a conta corrente, o mercado financeiro também fez ajuste importante: a expectativa de um déficit de US$ 76,50 bilhões foi substituída pela previsão de um rombo menor, de US$ 74,55 bilhões. Quatro semanas atrás, a projeção era de déficit de US$ 77,50 bilhões. Já para 2016, a perspectiva de saldo negativo foi ajustada de US$ 67,60 bilhões para US$ 65 bilhões – um mês antes estava em US$ 68,50 bilhões.
Apesar disso, os analistas consultados semanalmente pelo BC estimam que o ingresso de investimentos para o setor produtivo será insuficiente para cobrir integralmente esse resultado deficitário em 2015 e também no ano que vem. Nos últimos meses, segundo participantes, os analistas tentam reestimar as projeções levando em consideração a mudança de metodologia da nota do setor externo, em abril.
A mediana das previsões para o novo Investimento Direto no País (IDP) permaneceu em US$ 65 bilhões para 2015 pela quarta semana consecutiva. Para 2016, depois de 14 semanas seguidas também em US$ 65 bilhões, a mediana das estimativas passou para US$ 63,95 bilhões.
(Estadão Conteúdo/ATUAL)