
Da Redação
MANAUS – O primeiro álbum da carreira do Dj Alok é inspirado em canções indígenas de tribos da Amazônia que já atravessam gerações há 500 anos. Em entrevista no programa Altas Horas, da TV Globo, no último sábado (14), Alok revelou que planeja produzir 130 músicas tradicionais. Segundo ele, o lançamento deve ocorrer nos próximos meses.
Um clipe gravado em uma balsa, com o Rio Amazonas e a floresta como cenários no estado do Acre, foi exibido durante o programa. A performance já havia sido apresentada no Global Citizen Live em setembro de 2021, na cerimônia de abertura, espaço de destaque compartilhado também pelo cantor Elton John e pelo grupo sul-coreano de K-Pop BTS.
No vídeo, as vozes do cacique, ativista e músico Mapu Huni Kuî, e de indígenas do povo Yawanawá, se mesclam aos sons eletrônicos introduzidos por Alok em duas músicas: “Yube Mana Ibubu” (Alok e Mapu Huni Kuî) e “Shina Vaishu” (Alok e Yawanawá).
“A ideia inicial era fazer no Rio de Janeiro. E eu falei: ‘cara, acho que não é essa a proposta’. A gente foi, embarcou em uma missão de fazer no meio da Amazônia. Sabe que lá é uma ‘rain forest’, então é complicadíssimo naquele clima. A gente fez numa balsa, mas ficou incrível o resultado”, disse.
Alok explicou que pelo fato de a cultura indígena ser predominantemente oral, o álbum será um meio de acessar as canções futuramente. “Quando o ancião morre, morre com ele várias histórias, várias músicas que são muito importantes para a preservação da cultura. Porque eles não escrevem, é tudo por via oral”, disse.
Trabalhar com as canções indígenas envolve um cuidado especial, relatou Alok. “Uma das músicas que vai tocar, quando eu estava com eles no estúdio, eles começaram a cantar a música e aí eu disse ‘cara, que música linda’. E aí falaram ‘essa aqui, pelo que eu me lembre, tem 500 anos’. E eu falei ‘nossa, quanta responsabilidade que eu tenho’”.
Uma das composições exibidas no clipe no Global Citizen, “Yube Mana Ibubu”, é inédita. “A outra música que eu fiz com o Mapu, que é o primeiro indígena Huni Kuin, a gente criou do zero”, afirmou.
O Dj procurou unir de forma harmoniosa os estilos diferentes. “Então assim, você vai ver que tem um mix que eu consigo de alguma forma manter a essência deles, mas também trazer um pouco da modernidade”.
O primeiro contato de Alok com indígenas ocorreu em 2014. “Eu estava com uma depressão. E aí eu ficava me perguntando muito qual que era o sentido da vida. Aí eu fui para a aldeia Yawanawá”, contou.
Lá, o artista explica que procurou se conectar com a natureza e a experiência se refletiu nas produções musicais. “Aí eu falei ‘cara, como é que eu posso de alguma forma fazer com que as pessoas se reconectem com a natureza?’. Eu acho que esse é o principal pilar, porque a gente fala muito de proteção, mas não a entende mais. E eu falei ‘a melhor forma de fazer isso é ouvir o que a floresta tem a dizer’. E a melhor forma de ouvir é através dos cantos indígenas”, explicou.