Da Redação
MANAUS – Protelada pela presidência da ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas), a CPI da Afeam gerou bate boca na sessão desta quinta-feira, 15, do Legislativo Estadual. Uma das autoras do pedido que criou a Comissão Parlamentar de Inquérito, a deputada Alessandra Campêlo (PMDB) chamou o presidente da ALE, Josué Neto (PSD), de “mentiroso”.
Campêlo se irritou quando cobrou a instalação da CPI, que pretende investigar os contratos da Agência de Fomento do Amazonas, suspeita de aplicar indevidamente dinheiro em fundos de investimentos fraudulentos, e Josué Neto respondeu que a deputada queria logo a instalação da comissão “para poder viajar”. A Afeam investiu R$ 20 milhões na Transexpert, empresa de segurança do Rio de Janeiro envolvida em corrupção.
“Eu disse que o presidente estava agindo ilegalmente, ditatorialmente e que ele queria engavetar a CPI porque ele tem medo de fiscalização. Ele se ofendeu e disse que eu queria acabar logo a sessão porque queria viajar. Primeiro, que eu não vou viajar no mês de dezembro. Nunca disse isso a ele. E, segundo, que eu não disse que queria que acabasse logo para eu poder ir viajar. Eu apenas discuti o calendário de votação. Chamei ele de preguiçoso porque ele vem aqui dá bom dia e vai embora”, disse a deputada. O bate-boca foi transmitido ao vivo pela TV Legislativa, canal 6 na NET.
Alessandra, Vicente Lopes (PMDB), José Ricardo Wendling (PT) e Luiz Castro (Rede) são os autores da CPI. Os peemedebistas são do grupo de oposição na ALE e ligados ao senador Eduardo Braga (PMDB), que requereu a perda do mandato do governador José Melo (PROS) na Justiça Eleitoral.
Campêlo negou pressão para instalar a CPI e disse que quer apenas o cumprimento do Regimento Interno. A Procuradoria Geral da ALE já emitiu parecer pela instalação imediata da comissão, mas Josué encaminhou o pedido e o relatório da PG à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Com essa medida, a instalação da CPI, se ocorrer, será apenas em 2017 e sem data definida.
“O presidente não quer instalar e disse que a procuradoria determinou que ele encaminhasse para a CCJ. Eu disse que vou cobrar todos os dias. Eu estou encaminhando um documento à CCJ anexando o parecer da procuradoria perguntando porque está lá se a procuradoria já determinou o a instalação da CPI. Vu cobrar do ponto de vista legal”, disse Alessandra.
A base aliada do governador José Melo reagiu. O deputado Sabá Reis anunciou que apresentará outro pedido para que a CPI da Afeam inclua na investigação a gestão da autarquia desde o governo de Eduardo Braga e também o de Omar Aziz (PSD), do qual Melo foi vice-governador.
Josué Neto preferiu não se pronunciar sobre o assunto. Disse apenas que está cumprindo os trâmites normais do processo.