A empresa Águas de Manaus, nome fantasia dado pela concessionária Aegea Saneamento, é um engodo total. Chegou no município de Manaus prometendo mundo e fundos e não consegue fazer o elementar: colocar água nas torneiras da população.
A indignação não nasce de uma situação esporádica, mas de uma constante falta d’água em uma região da cidade que no passado viu superado o problema do abastecimento. A empresa que prometia revolucionar o sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário em Manaus começa a empurrar a população para a idade da pedra.
Um caso concreto é a Rua Coreau, no bairro São José Operário, antiga Rua 15, da Etapa B do São José. Nos idos de 1990, quando a região ainda era abastecida pela Ponta do Ismael, os moradores tinham água 24 horas por dia, 7 dias por semana, o que é o normal em uma cidade da importância de Manaus.
Com a chegada da falida Manaus Ambiental, a situação dos moradores da Rua Coreau ficou complicada, com constantes cortes no abastecimento. A desculpa, à época, era de que a empresa fazia a migração da adutora da Ponta do Ismael para a do Proama (Programa Águas para Manaus). Depois de um longo período crítico, finalmente o abastecimento foi normalizado, e a população pôde respirar aliviada.
Agora, depois que a Aegea Saneamento entrou pela janela em Manaus e se tornou concessionária dos serviços de água e esgoto, o bairro São José passou a viver uma tormenta diária. O pior é que a população não sabe que hora faltará água. A única certeza é que diariamente o desabastecimento virá.
Falta água de manhã, falta água à tarde, falta água à noite e falta água de madrugada. Voltamos no tempo em pelo menos 20 anos. Estamos vivendo um racionamento de água injustificado. A empresa sequer informa os horários em que os moradores não terão água nas torneiras. Também não informa os motivos do desabastecimento.
Por outro lado, a empresa continua usando o sistema de abastecimento de água da Ponta das Lajes (Proama) sem pagar um centavo ao Estado. Faz cerca de 5 anos que o Governo do Amazonas fez um acordo com a Prefeitura de Manaus para conceder o Proama à concessionária, com a promessa de realizar em seis meses uma licitação para escolher a empresa que iria gerir o sistema de abastecimento de água da zona leste, com remuneração ao Estado para custear o empréstimo que financiou a obra do complexo.
A empresa anterior nunca pagou um centavo pela obra e a atual, certamente, não pagará se os órgãos de controle não levantarem a voz e acionarem a Justiça.
Em resumo, a empresa usufrui de um bem público para lucrar e não oferece o serviço elementar que justificaria sua existência: o abastecimento de água regular. Se não consegue fazer o básico do elementar, o que esperar da Águas de Manaus? Mas na propaganda no rádio e na televisão, a Águas de Manaus vai muito bem.
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