Por Rafael Balago, da Folhapress
GENEBRA – As empresas aéreas na América Latina devem ter um prejuízo somado de US$ 2 bilhões (R$ 10,5 bilhões) em 2022 e perder mais US$ 795 milhões (R$ 4,1 bilhões) em perdas em 2023, prevê a Iata (Associação Internacional de Transportes Aéreos).
O prejuízo na região este ano representará 2,4% do faturamento, percentual que deve se reduzir para 0,6% no ano que vem. Para a América Latina, a entidade projeta que a demanda de passageiros cresça 9,3%, e que o total de passageiros transportados atinja 95,6% do registrado antes da pandemia.
A Iata divulgou nesta terça (6) suas previsões para o mercado aéreo. A expectativa é que o setor como um todo volte a ter lucro a nível global em 2023, pela primeira vez desde a pandemia.
A crise sanitária, que paralisou voos no mundo todo, gerou prejuízo de US$ 137,7 bilhões em 2020. Neste ano, as perdas globais do setor devem fechar em US$ 6,7 bilhões. Para 2023, a Iata projeta que aéreas obtenham lucro global de US$ 4,7 bilhões, o que representará 0,4% do faturamento. Em 2019, o lucro foi de US$ 26,4 bilhões (margem de 3,1%).
“Depois que você perde US$ 137 bilhões em um ano, qualquer lucro é bem-vindo”, diz Willie Walsh, diretor-geral da Iata, buscando demonstrar otimismo. “A inflação mais baixa do preço dos combustíveis deve ajudar a manter os custos sob controle. Ao mesmo tempo, com margens tão curtas, mesmo uma mudança insignificante em qualquer variável tem potencial de colocar o balanço em terreno negativo”, analisa.
O setor aéreo deve fechar 2022 com prejuízo em todas as regiões do mundo, com exceção da América do Norte. Ali, elas devem lucrar US$ 9,9 bilhões, margem de 2,4%.
Em 2023, a Europa e o Oriente Médio também devem sair do vermelho, mas ainda com lucros pequenos, de até 0,6% do faturamento. Além da América Latina, a África e a área Ásia-Pacífico seguirão com prejuízos.
Em 2022, a demanda total de passageiros no planeta deverá atingir 70,6% do nível pré-pandemia. A Iata reduziu sua previsão anterior, de junho, que apontava recuperação de 82,4% da demanda neste ano.
Neste ano, o setor foi afetado por vários problemas, como greves de trabalhadores na Europa, falta de pilotos nos EUA, restrições pela Covid na China e efeitos da Guerra da Ucrânia, como o veto de voos sobre a Rússia e, principalmente, a alta global do preço do combustível.
O QAV (Querosene de Aviação) é o maior custo das empresas. O preço médio do barril deve fechar este ano em US$ 138. Em 2020, custava US$ 46. “Se o preço do petróleo sobe, o preço das passagens terá de subir também”, diz Walsh. “Não temos como absorver estes custos extras”.
“Os dados mostram que falta muito para colocar a indústria global em uma base financeira sólida. Muitas companhias aéreas são lucrativas, mas muitas outras estão com problemas por uma série de razões, incluindo regulações onerosas, altos custos, políticas governamentais inconsistentes, e infraestrutura ineficiente”, prossegue o diretor.
Walsh aponta que houve aumentos em taxas cobradas pelos aeroportos em vários países, e que provavelmente haverá mais reajustes delas em 2023, o que também pode pressionar o custo das passagens.
No Brasil, o mercado de voos domésticos vem se recuperando de modo mais rápido que o de destinos internacionais. A malha aérea doméstica para o verão deste ano terá mais destinos do que em 2019, antes da pandemia.