MANAUS – O advogado da empresária Nair Blair, Aniello Miranda Aufiero, ingressa na tarde desta segunda-feira, 4, com um pedido de revogação da prisão preventiva da cliente dele na Justiça Federal. Blair foi presa no sábado, 2, no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, após chegar de uma viagem na Europa. Ela é acusada de operar um esquema de compras de votos nas eleições de 2014 para o governador José Melo (PROS) e o vice-governador Henrique Oliveira (SDD).
A informação sobre a tentativa de tentar soltar a empresária foi confirmada pelo escritório de Aufieiro. A defesa informou que a prisão não tem ligação com o processo envolvendo compra de votos. A viagem à Europa, segundo o escritório do advogado, foi autorizada pela Justiça, e Aufieiro irá argumentar na Justiça que a empresária tem contribuido com as investigações do processo eleitoral.
De acordo com decisão judicial, Nair Queiroz Blair tinha que comparecer, todos os meses, ao cartório 2ª Zona Eleitoral de Manaus. Em julho de 2015, o juiz Alcides Vieira Filho, negou pedido dela para viajar ao exterior e receber de volta R$ 36,2 mil pagos como fiança e mais R$ 7,7 mil apreendidos pela Polícia Federal durante a campanha eleitoral de 2014.
Advogados consultados pelo AMAZONAS ATUAL informaram que a prisão preventiva é uma medida cautelar usada para evitar o comprometimento do andamento do processo e garantir que os acusados não fujam antes da definição da sentença.
No mês passado, o TRE-AM iniciou o julgamento do esquema de compras de votos envolvendo Nair Blair e José Melo e a maioria dos membros da Corte entendeu que eles eram culpados da acusação. Na próxima semana, o tribunal retoma o julgamento do processo.
Acusação
O esquema que liga Nair Blair à compra de votos do governador José Melo em 2014 foi denunciado à Justiça Eleitoral pelo então candidato ao Governo do Estado, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB), derrotado no pleito. O caso virou pauta jornalistíca do programa ‘Fantástico’, da Rede Globo, em março do ano passado.
Segundo a reportagem, a empresa de Blair teria recebido R$ 1 milhão do governo para prestar serviços de Segurança durante os jogos da Copa do Mundo de Futebol, mas a matéria jornalística apontou suspeitas sobre a execução do serviço.
Em outubro de 2014, dois dias antes do segundo turno da eleição, agentes da PF prenderam Nair com R$ 7,7 mil, em células de R$ 100, na bolsa. No carro da empresária, foi encontrado recibos e a contabilidade que, conforme o ‘Fantástico’, indicariam o uso de dinheiro para fornecer bens a eleitores.
Na matéria do Fantástico, José Melo enviou uma nota na qual informou que “as denúncias que estão sendo apresentadas surgiram durante a campanha eleitoral trazidas pelo meu adversário, o senador Eduardo Braga”. O governador diz: “Confio que a Justiça Eleitoral saberá julgar os fatos e comprovar que foi tudo uma grande farsa. A vontade soberana do povo amazonense será respeitada”. Braga disse que soube da denúncia pelo ‘Fantástico’.