Por Iolanda Ventura e Alessandra Taveira, da Redação
MANAUS – O adolescente de 14 anos que foi apreendido em Manaus nesta terça-feira (17) por planejar ataque a uma escola estadual do bairro Glória, na zona oeste da capital, pretendia usar coquetéis molotov, bombas caseiras e arma de fogo para cometer o crime, segundo a delegada Joyce Coelho, da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente.
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Em entrevista na manhã desta quarta-feira (18), Joyce Coelho disse que no relatório recebido no último fim de semana do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que monitorou conversas sobre atos de violência e terrorismo na internet, constava informações sobre a confecção dos artefatos explosivos e uso de munições.
“Nesse plano usaria coquetéis, bombas caseiras, que segundo ele, já sabe manusear, e também arma de fogo com uma quantidade X de munições, objetivando o número X de mortes”, disse a delegada.
O adolescente planejava o ataque com outros dois que moram no Rio Grande do Norte, na cidade de Campo Redondo, e Goiás – Itumbiara, que pretendiam cometer o atentado de forma simultânea nas cidades. Não foi informada qual a data planejada para o ataque, mas segundo a delegada as conversas vêm desde abril e se intensificaram neste mês.
“Vêm desde abril essas conversas e agora em agosto ele já estava no sentido de dizer quantas munições seriam necessárias, de dizer o que fariam com as bombas caseiras. Então, considerando essa iminência, esse perigo, a gente foi acionado para fazer essa intervenção”, explicou.
Joyce Coelho classificou o plano como “bastante traçado e cuidadosamente detalhado”, incluindo estudo de massacres anteriores como o de Columbine, nos Estados Unidos, o de Suzano, em São Paulo, e o de Realengo, no Rio de Janeiro, para aperfeiçoá-los. Ele também fez desenhos e mapas do entorno da escola com tudo o que pretendia fazer.
O adolescente não estudava mais no local alvo do ataque, que não teve o nome revelado. A delegada afirma que em depoimento o adolescente confessou o plano e a motivação era vingança.
“Num primeiro momento ele alegou que teria sofrido bullying quando estudava nessa escola, uma escola estadual localizada no bairro da Glória. Apesar de hoje ele não estar matriculado na escola, mas ele pretendia direcionar esse ataque para lá”, relatou.
O adolescente foi apreendido na casa dele, no bairro Novo Aleixo, zona norte, e foi encaminhado à Depca com o pai. Depois foi levado para a Deaai (Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais). A delegada Elizabeth de Paula informou que ele passou por atendimento psicológico.
“Passamos por aquela situação de Suzano (SP), que teve repercussão em Manaus na época. Porque quando aconteceu aquela situação, nós fizemos pelo menos entre 10 e 15 atendimentos de adolescentes ameaçando. Então nós realmente não queríamos aquilo de volta para cá para Manaus”, disse.
A delegada afirma que a escola não faz parte do conjunto que ficou em atenção após o massacre em Suzano. “Tanto é que diante disso, realmente acendeu uma ‘luzinha’ na minha cabeça para saber como é que estão os outros adolescentes que passaram por essa situação na época. E é algo que também a Polícia Civil se dispõe a investigar”, relatou.
Elizabeth de Paula disse que os adolescentes não imaginavam que as mensagens estavam sendo monitoradas. “A internet não está uma terra sem lei. Eu tenho certeza que esses adolescentes jamais imaginariam que seriam identificados numa conversa de Instagram”.
A delegada diz que ele tem um perfil tímido e recomenda mais atenção nesses casos. “É bom, eu volto a reforçar, os pais terem um cuidado maior, verificarem esse adolescente mais tímido que às vezes está passando por um bullying na escola, não achar que isso é bobagem”.
O procedimento foi encaminhado para o MPAM (Ministério Público do Amazonas), que decidirá o que será o que será feito com o adolescente. A delegada Joyce Coelho não descarta a possibilidade de haver outros envolvidos.
(Colaborou Murilo Rodrigues)