A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da emergência de saúde pública mundial da pandemia do coronavírus, a Covid-19, porém, não acabou o vírus, que continua circulando, por meio das mutações, mas que não oferece o mesmo perigo que antes.
Foram três anos de muito sofrimento e medo da população mundial. Segundo os dados da OMS, foram 765,2 milhões de pessoas afetadas no planeta e quase 7 milhões de pessoas morreram, principalmente antes da existência das vacinas. Algumas entidades da sociedade estimam que o número de mortes tenha alcançado cerca de 15 milhões de pessoas, visto que haveria muita subnotificação em vários países.
No Brasil, um dos países mais afetados pela doença, desde fevereiro de 2020, quando os primeiros casos foram sendo detectados, os dados oficiais do Ministério da Saúde, registram 37,4 milhões de infecções e 701,4 mil mortes até final de fevereiro de 2023.
A crise da Covid no Brasil foi marcada pela omissão e negacionismo da gestão do Bolsonaro (PL), que contestou medidas preventivas, como o uso de máscaras, o distanciamento social e ainda colocou em dúvida a segurança das vacinas e não incentivou a imunização. Aliás, Bolsonaro disse que não foi vacinado e na compra de vacinas tinham esquemas de superfaturamento, apontado na CPI do Senado. Tudo isso contribuiu para esse número tão elevado de mortes, muitas que poderiam ter sido evitadas.
No Amazonas, estado onde o governador apoiou Bolsonaro, houve 636,3 mil casos de covid-19 que causaram 14,4 mil mortes, desde o primeiro caso detectado em 13 de março de 2020 até último dia 3 maio. O negacionismo do Governo Federal influenciou muita gente no Amazonas, que aliado a inoperância do governo Wilsom Lima, deixou até faltar oxigênio nos hospitais e estava comprando respiradores em casa de vinho, assunto mal explicado, que elevou o número de mortes no estado.
Interessante que em nível estadual, apesar de todo o descaso que persiste na área da saúde, com hospitais superlotados, precário atendimento do interior, falta de médicos, sem concurso público na saúde, terceirizados mal pagos e sempre com atraso, sem um hospital novo construído em Manaus, o atual governador foi reeleito. O sofrimento da população do Amazonas continua, não só pela Covid, mas pela saúde não ser prioridade, visto que há total silencio na Assembleia Legislativa sobre o assunto, sem fiscalização e sem cobranças, apesar do aumento extraordinário do orçamento da saúde.
A Covid-19 não acabou. Todo dia tem novos casos devido às variantes, resultado das mutações do vírus. Atinge mais as pessoas vulneráveis e morre mais quem não se vacinou. Por isso, os especialistas e a orientação da saúde é vacinar. Em Manaus, em várias unidades de saúde, de forma permanente, tem vacina à disposição, como principal instrumento de prevenção da doença.
A Ministra da Saúde, Nísia Trindade, em cadeia nacional, neste domingo, falou do descaso que ocorreu na gestão passada no Brasil e, além de conclamar a todos acreditar e buscar as vacinas, também enfatizou que precisamos fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), visto que o país tem o maior sistema público de saúde no mundo. Significa que todas as pessoas, ricas ou pobres, são atendidas no sistema. E precisamos de qualidade e bom atendimento.
É bom lembrar que na maioria dos países mais ricos, a saúde é privada, tudo se paga, quem não tem dinheiro não tem atendimento especializado, como é o caso dos EUA. Por isso, a defesa do sistema público de saúde e não o sistema privado, que cresce no Brasil, através dos planos de saúde.
No fim da pandemia, lembramos das famílias que ficaram enlutadas pelas mortes de parentes e amigos. E foram muitas. Lembramos do empenho dos trabalhadores da saúde, e muitos morreram atendendo e salvando a vida dos outros. E lembramos que tiveram muitas ações legislativas para minimizar as consequências da pandemia, na área econômica, como as leis que amparam os trabalhadores sem renda, os agricultores, os desempregados, os mais pobres, os indígenas e tantos segmentos, leis dos quais pude contribuir como deputado federal.
A pandemia acabou, mas a Covid continua circulando. A vacina é a prevenção. Vamos cuidar da saúde.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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