É inacreditável, mas um Estado com dimensões continentais, dispondo de terras férteis para plantar alimentos regionais e água em abundância para produzir proteína do pescado, apresentar um elevado número de pessoas (572 mil) amazonenses, que vivem, atualmente, em situação de extrema pobreza, ou seja, com R$ 7,73 reais/dia, segundo as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, realizadas em 2018.
São mais de meio milhão de sobreviventes. Se formos analisar do ponto de vista do número médio de pessoas, por família, são de 04 a 05 membros, os quais devem se alimentar no máximo 02 vezes ao dia, convivendo com a subnutrição permanente.
A grande maioria trabalha no mercado informal e o que ganha é para a comida, basicamente. Ora, se o cidadão luta para conseguir vender seu picolé, sua banana frita, seu mingau, enfim, aquilo que lhe trás os R$ 7,73/dia, como ficar em casa diante desse fenômeno COVID-19? Se não vender não come.
Aproximadamente 14% da população amazonense precisam vender alguma coisa para levar “alimento” para casa. A pergunta que não quer calar: O que fazer se eles não podem ir à luta? Por certo morrerão de inanição ou ficarão terrivelmente fragilizados diante de um vírus que não terá dificuldades para se alastrar.
A fome não espera a burocracia dos governos que pretendem socorrer essas pessoas. São medidas paliativas que demoram a ser aprovadas, e mesmo sendo aprovadas, muitas dessas famílias não conseguirão acesso ao sistema de cadastramento e ficarão a reboque de mais uma promessa.
Pois bem, já passou da hora e o Amazonas precisa acordar! Se não houver um choque de ordem para sair da dependência de um único modelo econômico já em fase de exaustão, e buscar alternativas econômicas que proporcionem riquezas ao Estado, como o fortalecimento do setor agrícola com tecnologia adequada, o incentivo a piscicultura e o desenvolvimento sustentável do setor madeireiro e mineral, gerando renda e oportunidade de trabalho para essa gente, por certo, daqui a uma década, não teremos somente meio milhão de pessoas precisando ir às ruas para vender suas bugigangas, mesmo diante de uma ameaça MORTAL de um inimigo invisível ou de uma ameaça de prisão por desobedecer às ordens superiores.
Esse número poderá vir a ser assustador. E com o surgimento de um novo vírus, os recursos não serão suficientes para “salvar” as famílias necessitadas, nem hospital para atendê-las e nem cela para encarcerar tanta gente!
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