
O Brasil e o Amazonas ainda continuam enfrentando a pandemia do coronavírus e a crise na área da saúde e, lamentavelmente, contabilizando as mortes de milhares de pessoas. Mas já se discute a pós-pandemia, o que mudará após este momento dramático em que vive a população.
Segundo os dados do Ministério da Saúde, são quase 1 milhão de pessoas contaminadas no Brasil e mais de 45 mil mortes. No Amazonas, são quase 60 mil casos e 2.600 mortes. Há esperança que esteja em rota de redução dos casos, embora há o medo de nova fase em função da liberação gradativa das atividades comerciais e de serviços, e sem a devida proteção e medidas de distanciamento social.
Mas o momento também é avaliar o que mudará após a pandemia. O coronavírus mostrou a importância do conhecimento, da ciência para o enfrentamento da crise da saúde. Muito rápida foi descoberta a doença e como ela agia, com os sintomas e medidas que seriam necessárias, como o isolamento social, medidas de proteção individual, fechamento de todas as atividades, manutenção de serviços essenciais. Poderá servir como exemplo para o futuro.
Da mesma forma, descobriu-se como é importante o sistema de saúde público, hoje muito debilitado, com deficiência no atendimento especializado, que não estava preparado nos momentos mais críticos, com falta de leitos de UTI, equipamentos de respiração, testes em massa, trabalhadores da saúde suficiente, e ações efetivas e rápidas dos governos. Na verdade, a lentidão do Governo Federal e a falta de articulação de ações com governos estaduais e municipais contribuíram para disseminar com mais rapidez a doença.
Não podemos esquecer o negacionismo. A negação da gravidade da pandemia, praticada pelo presidente Bolsonaro, por vários políticos e setores da sociedade. Nos países onde teve esta atitude, que negava as orientações da ciência, dos cientistas, em referência ao isolamento social, como estratégia de contenção e redução da contaminação, tive também aumento exagerado de casos e de vítimas fatais. É o que aconteceu com o Brasil.
A crise da Covid-19, com sua face sanitária e humana dramática, também é o momento histórico para repensar o modo de vida da população, em relação ao cotidiano das pessoas e das ações empresariais. Para Ricardo Galvão, ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a crise nos tornou mais consciente de que o mundo todo está ligado, necessitando de desenvolvimento sustentável e socialmente justo, e não podendo ser baseado num capitalismo predatório. Não podemos aceitar a degradação do meio ambiente.
E diz mais: o consumo excessivo pode ser reduzido; o uso da bicicleta, em vez de carros e ônibus; comprar no comércio local, devido as restrições de deslocamento e devido à quarentena. São medidas que terão um efeito positivo na vida das pessoas.
Com a pandemia do novo coronavírus, mudanças foram feitas e estarão incorporadas no mundo do trabalho. O distanciamento social e a necessidade de trabalhadores ficarem em casa também fez com que se ampliasse o trabalho remoto, trabalhar em casa, o home office. Muitas empresas estão se adequando para manter parte de seus funcionários nessa modalidade de trabalho.
Mas, para isso, também teve uma explosão do uso de ferramentas tecnológicas que favoreceram a realização de reuniões, a comunicação, decisões, o trabalho em casa. Os mecanismos de videoconferências, que permitem que as pessoas estejam juntas, evitando o deslocamento, menos impacto para o meio ambiente com economia e melhor utilização do tempo.
Claro que, para isso, precisa melhorar a internet, mais qualidade, capacidade, velocidade e estabilidade. E isto favorece a telemedicina, aplicativos de saúde e monitoramento da população na área da saúde.
E tem muito mais. O tempo vai mostrar. Por ora, precisamos manter o combate determinado contra a doença, que ainda está matando no Brasil e no Amazonas.
*José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e atualmente é deputado federal pelo Amazonas, filiado do PT.
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