Por Jullie Pereira, da Redação
MANAUS – A cantora manauara Olívia de Amores lançou seu primeiro álbum solo – ‘Não é Doce’ -, na noite da última sexta-feira, 27. O que era pra ter sido um show ao vivo com a venda de ingressos para o público, acabou se tornando uma live feita no Instagram. Ela, que nunca tinha feito uma live antes, precisou se adequar ao modelo por conta do isolamento social causado pelo Coronavírus (Covid-19). “O que eu mais queria era fazer o show, mas essa pandemia está desafiando os artistas a se reformularem, a repensarem e definitivamente uma live não era o que eu pensava”, disse
O álbum possui dez faixas, nas quais as composições são de sua autoria e todos os instrumentos são tocados por ela. A produção é de Bruno Prestes e masterização de Steve Fallone. Na live, Olívia aparece tocando baixo, guitarra, e teclado. Ela disse que foi o formato ideal para demonstrar o processo solitário pelo qual passou. “Acabou que para o meu trabalho o lançamento foi ideal porque demonstra como ele foi produzido, e o processo foi de muita solidão mesmo, de muita reflexão, porque o momento era de muita perda”, disse.
As músicas foram pensadas para publicação em multiplataformas, com clips e até mesmo um jogo – o ‘Super Maria Sis’, que pode ser acessado por celulares pelo sistema Android. Os formatos foram escolhidos antes do vírus chegar ao Brasil, mas coincidiu com esse período de isolamento em que as pessoas se apegam à Internet.
“Não foi uma questão estratégica, mas era uma necessidade das músicas terem uma representação de imagens. Elas podem transmitir melhor a sensação do que eu já coloquei na melodia e verbalizei nas letras. De uma forma tortuosa, esse momento (do coronavírus) encaixou com o lançamento”, explica Olívia.
Apesar da disposição em usar as redes sociais, Olívia lamentou a necessidade que o artista tem de manter a imagem virtual para conquistar o público, um aspecto do mercado cultural que mudou nos últimos anos. Ela diz que sem o uso das redes sociais não é possível levar o nome adiante.
“Antigamente um artista podia viver fazendo música, lançando conteúdo, e se abster da Internet. Hoje em dia eu preciso mercadologicamente estar inserida nessa logística e isso é chato, às vezes. Parece que a música não existe mais sem a rede social, o que é bem ultrajante. Ela devia ser só um veículo mas, acaba sendo a finalidade. Hoje, se eu não investir muito em rede social, o meu nome morre e ninguém vai para o show”, declarou.
O ‘Não é doce’ foi a oportunidade que Olívia teve para mostrar suas músicas pessoais, depois de integrar, por dez anos, o trio ‘Anônimos Alhures’. Em 2017, sua vida mudou após a morte de sua bisavó, Olívia Moraes, e de uma amiga. Foi quando decidiu explicar seus ‘amores’ para além do sentimento romântico. Disso também veio o nome artístico, ‘Olívia de amores’.
“Com o álbum eu queria explicar o ‘de amores’. Queria falar de facetas mais duras do amor, mais integral, menos adocicada. A gente vê o amor como algo estritamente conjugal, por isso o plural. Eu queria falar sobre o amor que eu tenho por minha bisavó que faleceu, o amor que eu tinha por uma amiga que também faleceu, de amores bizarros. O álbum nasceu de relacionamentos que terminaram. Por isso o ‘Não é doce’”, disse.
A carreira, agora solo, traz outras dificuldades à artista que precisa reafirmar seu espaço na cena do rock em Manaus. Após o rompimento com a banda, que era composta por dois homens, ela começou a receber questionamentos quanto ao seu estilo musical. “O que se espera de uma cantora solo é que ela dance, seja bonita e faça pop. É desafiador ser compreendida como parte de um nicho de rock. Antes era natural porque eu estava companhada de homens. E até hoje o rock é inerente ao masculino, pelo menos ao senso comum. Muitas pessoas questionam porquê eu deixei o rock, mas essas músicas foram compostas na mesma época que eu tinha a banda”, disse.
Em dezembro de 2019, Olívia esteve em São Paulo para participar de shows com outros artistas da cidade e a expectativa é de que retorne quando os casos de coronavírus forem reduzidos, mas ela diz que no momento está focada em conseguir projeção em Manaus. “A galera de SP deu uma força e conheci pessoas muitos legais. Quero voltar pra fazer algo melhor e maior, mas o que eu mais quero nesse momento é reconhecimento no Amazonas, em Manaus. Fazer o meu trabalho acontecer na minha terra”, disse.
O álbum ‘Não é doce’ está disponível em todas as plataformas digitais, para conhecer o trabalho de Olívia é só acessar seus perfis @oliviademoraes.