MANAUS – Eu li muitas coisas essa semana, sobre “trabalho escravo”. Segundo algumas pessoas, os médicos Cubanos que trabalhavam aqui no Brasil há quatro anos, estavam em condições de ‘escravidão’.
Esses comentários tomaram conta das redes sociais logo depois que Cuba decidiu retirar os médicos do programa “mais médicos” que atendiam pessoas pobres em cidades remotas de todo o país.
Essa preocupação que ora soa hipócrita só existe com Cubanos, pois no mesmo dia em que eu vi toda a comoção em relação à eles eu vi também a relativização da jornada abusiva dos professores que na maioria das vezes têm dupla jornada de trabalho e o salário é uma vergonha.
Como os professores podem se sentir motivados a continuar em sala de aula enfrentando vândalos travestidos como alunos, com um pífio e quase ridículo reajuste de 13,01% no piso nacional de salário para um regime de 40 horas, elevando-o de R$ 1.697,30 para os atuais R$ 1.917,78 centavos?
Fora isso ver pessoas os atacando, como se eles fossem terroristas por ensinarem o pensamento crítico. Além de tudo isso testemunhar um governo que mal chegou e já promete ser o seu pior opositor.
Temos uma categoria inteira trabalhando abusivamente e sendo desvalorizada, existe um problema grave na educação. Existe um verdadeiro ‘trabalho escravo’ bem debaixo dos nossos narizes empinados, gravatinhas engomadas e olhinhos fechados para um problema real e nosso.