EDITORIAL
MANAUS – A paralisação de caminhoneiros nas estradas brasileiras em apoio ao presidente Jair Bolsonaro é uma atitude tão insensata que até o próprio presidente pediu que eles revisassem seus atos.
Até aqui não está claro o propósito dos manifestantes nas rodovias do país. Apoiar o presidente da República com bloqueio que impede o transporte de cargas tem um feito contrário, ou seja, é um ato contra a administração Bolsonaro.
Não é outra pessoa quem diz isso, mas próprio presidente da República, no áudio enviado aos manifestantes:
“Fala para os caminhoneiros aí que são nossos aliados, mas esses bloqueios aí atrapalham a nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação, prejudica todo mundo, em especial os mais pobres. Então, dá um toque nos caras aí, se for possível, para liberar, tá ok? Para a gente seguir a normalidade”.
Nas redes sociais e em grupos de WhatsApp, os caminhoneiros desconfiaram de que o áudio era antigo ou não era o presidente quem falava, o que obrigou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, a gravar um vídeo para afirmar que o áudio era, sim do presidente Jair Bolsonaro.
No passado, os caminhoneiros fizeram paralisação por pautas muito mais importantes, como a alta dos preços dos combustíveis. Coincidentemente, neste momento os preços do diesel, da gasolina e do etanol nunca estiveram tão altos. Bateram todos os recordes, com alta de 51% (caso da gasolina) só neste ano de 2021.
O preço do diesel teve aumento médio de 23% no país no primeiro semestre deste ano. Esse aumento ajuda a elevar a inflação, porque o custo do transporte é repassado aos preços ao consumidor.
No entanto, não é paralisando o transporte que se resolve o aumento de preços.
Em Estados do sul do Brasil, o bloqueio de rodovias já afeta o abastecimento de combustíveis, e alguns postos já fazem a venda controlada para o consumidor, limitando a R$ 100 por carro na manhã desta quinta-feira (9).
Felizmente, aos poucos vai ficando claro que a paralisação de caminhões nas estradas é uma ação fracassada, sem objetivo definido e contra os próprios profissionais que decidiram protestar contra nada nem ninguém.