MANAUS – Ao defender a decisão do ministro do STF Kassio Nunes Marques, que reduziu o prazo de inelegibilidade para quem é condenado com base na Lei da Ficha Lima, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que os políticos não têm vida fácil no Brasil.
“Quem está reclamando muito tem que ter coragem, já que é ficha limpa, um cara bacana, se candidata pra ver como é a vida de um político”, disse o presidente da República.
Kassio Nunes Marques mudou entendimento sobre quando começa a contar o prazo de oito anos de inelegibilidade. O entendimento anterior era de que esse prazo começa ser contado a partir do fim do cumprimento da pena. No novo entendimento, a contagem começa a partir do início do processo.
Primeiro, há que se considerar as pessoas ou os políticos que são atingidos pela Lei da Filha Limpa ou pela agora decisão do ministro. São exatamente aqueles que são apanhados cometendo crimes de toda ordem.
Para criminoso, não tem que ter refresco, já defendia, lá atrás, o presidente Jair Bolsonaro, antes de ser eleito para o Palácio do Planalto. Então há diferença entre um criminoso comum e um político criminoso?
A Lei da Filha Lima foi uma tentativa de colocar alguma ordem na balbúrdia que é a política brasileira, e evitar que os criminosos disputassem cargos eletivos.
Mas desde que a proposta chegou ao Congresso Nacional para ser votada, sofreu diversas perdas que abrandaram os seus efeitos aos políticos corruptos e criminosos.
Agora, o ministro Kassio Marques, indicado ao STF pelo presidente Bolsonaro, coloca mais uma pá de cal sobre a lei, abrandando ainda mais as penalidades a quem é apanhado pela Justiça.
Para o presidente da República, a mudança “não tem nada de mais”.
A fala de Bolsonaro defendendo a decisão de Kassio Nunes ganha significado quando se coloca na mesa o processo envolvendo o filho dele, senador Flávio Bolsonaro, acusado pelo Ministério Público de se beneficiar com a chamada “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, e, agora, com a prisão de seu aliado político, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella.
O que o presidente da República defende é que esses políticos, que, na opinião dele, “não têm vida fácil”, sejam logo liberados para voltar à cena política no prazo mais breve possível.
Segundo Bolsonaro, trata-se de “uma proposta de desoneracao”. “Nao e facil a vida dos patroes, as pessoas falam que e dificil a vida dos empregados, mas a dos patroes tambem e dificil”, disse. Questionado sobre o que achava da criacao do novo imposto, ele se recusou a responder. “Nao pergunte se eu sou favoravel, isso ai e maldade”, disse ao ser questionado por jornalistas.