A Covid-19 não acabou. A nova variante ômicron já está se espalhando no Brasil e no Amazonas e preocupa a população neste início de 2022. Enquanto isso, o governo está atrasado na vacinação, suspende eventos e já fala em abrir o hospital de campanha.
A pandemia do novo coronavírus não terminou e já neste novo ano aumentam os casos registrados. No Brasil, já são 620.142 mortes, até dia 10 de janeiro, conforme o consórcio dos principais meios de comunicação e 22.556.525 casos confirmados. Nas últimas 24 horas, foram 111 mortes e 34 mil novos casos, com uma tendência de alta.
No Amazonas, até dia 9 de janeiro, conforme Boletim Diário Covid-19, publicado pela Fundação de Vigilância em Saúde – FVS, são 435.749 casos confirmados e 13.846 mortes. Os novos casos estão crescendo em janeiro: dia 03 (88 casos), dia 05 (178 casos), dia 06 (275 casos), dia 07 (363 casos) e dia 09 (365 casos).
A grande preocupação é com o crescimento da variante denominada ômicron. A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou em 26 de novembro de 2021 o surgimento da ômicron na África do Sul. Chegou rápida ao Brasil, que teve os primeiros casos confirmados em São Paulo, e daí se espalhou aos demais estados. A primeira morte por essa nova variante ocorreu no dia de 06 de janeiro, na cidade de Aparecida de Goiânia, em Goiás.
No Amazonas, dia 04 de janeiro de 2022, a FVS e a Secretaria de Saúde do Amazonas confirmaram o primeiro caso da ômicron no Estado, sendo de uma mulher, de São Paulo, que veio de Fortaleza e chegou a Manaus em 21 de dezembro de 2021. Neste dia 10 de janeiro, o secretário de Estado de Saúde, Anoar Samad, confirmou que subiram para 22 os casos de contaminação pela Covid-19 – variante ômicron. E poderá piorar.
Mas a vacinação está atrasada no Amazonas. Enquanto no Brasil, já tem 67,80% da população vacinada com 2ª dose, até o dia 10 de janeiro, o Amazonas só vacinou apenas 54,01% da população. É o 6º estado mais atrasado. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, tem 100 mil pessoas em Manaus que não receberam nenhuma dose e cerca de 500 mil pessoas que não tomaram a 2ª dose.
Também é um absurdo o atraso da vacinação das crianças acima de 5 anos. A Anvisa já liberou. Mas não foram disponibilizadas. Muita inoperância do Ministério da Saúde. O presidente da República não gostou e questionou a decisão da Anvisa. Um absurdo, ele continua trabalhando contra a saúde do povo brasileiro.
Há um problema muito sério em relação ao sistema de informações do Ministério da Saúde. Há um apagão de dados. Teve problema de hacker, mas de solução lenta. Há muitos relatos de não registros atualizados e efetivos de vacinação, de testes, de novos casos. Isto é muito sério, pois dificulta o trabalho dos especialistas para o acompanhamento e a tomada de medidas em relação às variantes.
O aumento das contaminações está exigindo o aumento de testes de Covid e o comprovante de vacinação para entrar em locais públicos e de aglomeração, como os comércios. Além disso, já tem voos sendo cancelados, devido a contaminação de funcionários, como também eventos, por conta do grande risco de aglomerações.
Em Manaus, no dia 7 de janeiro, o prefeito David Almeida suspendeu as festas e os blocos de rua de Carnaval em 2022, devido à Covid e ao aumento dos casos da gripe Influenza. O Governo do Estado, também, no mesmo dia, suspendeu a realização de grandes eventos com venda de ingressos no Amazonas, e limitou o público máximo em 200 pessoas para eventos privados, como casamentos, aniversários, formaturas, e seguindo protocolos de distanciamento, uso de máscaras e álcool em gel e regularidade da situação vacinal.
Mas ficam abertas outras questões: os desfiles de carnaval e a volta às aulas. Entendo que os desfiles devam ser cancelados e todas as crianças e estudantes devam ser imunizados. São mais de 500 mil alunos que voltam às aulas em fevereiro. Como fica a situação deles e dos professores e funcionários das escolas?
O crescimento de novos casos e, principalmente, da variante ômicron, poderá impactar a rede de saúde. Por isso, está sendo cogitado pelo Governo do Estado a retomada do Hospital de Campanha Nilton Lins. A pergunta que fica: por que de novo o Nilton Lins? Não têm outras unidades de saúde pública, não têm investimentos para esta finalidade? Será que teremos mais um escândalo na saúde?
A recomendação para este momento é a prevenção. A vacinação é mais importante. Mas também o distanciamento social, lavar as mãos, evitar aglomerações e usar máscara.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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