MANAUS – Já faz algum tempo que coloquei ao lado do meu nome, no perfil pessoal do Twitter, a Bandeira do Brasil. Já recebi mensagens questionando se havia aderido ao bolsonarismo. O uso da Bandeira brasileira nas redes sociais foi uma tentativa dos bolsomínions – como são chamados os amantes do presidente da República – de se apropriar indevidamente de um símbolo nacional.
Por isso, decidi usar a bandeira também. É uma forma de minar as intenções idiotizadas daqueles que acham que quem usa a bandeira é de direita e quem não a usa é de esquerda.
A banalização do uso da bandeira pelos “amantes de Bolsonaro” foi uma tentativa de demonizar as bandeiras vermelhas e de cores fortes dos partidos de esquerda. A frase “nossa bandeira jamais será vermelha” repetida aos milhões por essa gente é a prova de uma idiotice sem precedentes.
Os partidos sempre tiveram bandeiras, de diversas cores. E não há qualquer problema escolher cores diferentes das cores da bandeira do país. O próprio PL, partido ao qual está filiado Jair Bolsonaro, usa as cores azul, vermelho e branco na sua marca, e durante anos fez campanhas Brasil afora com bandeiras que carregaram essas cores.
Foi a partir de 2013, quando o povo foi às ruas em manifestações contra a política e os políticos que as camisa da seleção brasileira de futebol passou a ser vestida com orgulho nos protestos. Os apoiadores do governo à época, em manifestações de apoio, vestiam preto, vermelho e outras cores para se diferenciarem dos “amarelos”.
Mas foi só na campanha de 2018 que a Bandeira passou a ser usada como símbolo dos apoiadores de Bolsonaro, e que a frase “nossa bandeira jamais será vermelha” passou a povoar as redes sociais.
Não apoiar Bolsonaro não faz de uma pessoa mais brasileiro ou menos brasileiro, como não a faz desmerecedora de usar um símbolo nacional, até porque os símbolos nacionais não podem ser usados como propriedade privada de alguns.
Reivindicar o uso da Bandeira do Brasil deve ser um ato de todos os brasileiros, independente das cores partidárias.
A camisa amarela da seleção brasileira ainda vai demorar para perder a nódoa deixada pelos bolsonaristas, mas essa não tem importância, e pode ser substituída por outras cores. Quem não se sentir bem em vestir amarelo, pode adquirir uma camisa de outra cor e torcer com a mesma intensidade.
Mas a Bandeira brasileira não deve ser deixada para aqueles que acham que são mais brasileiros do que os que não torcem pelo seu político de estimação.
Valmir Lima é jornalista, graduado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (Ufam), com pesquisa sobre rádios comunitárias no Amazonas. Atuou como professor em cursos de Jornalismo na Ufam e em instituições de ensino superior em Manaus. Trabalhou como repórter nos jornais A Crítica e Diário do Amazonas e como editor de opinião e política no Diário do Amazonas. Fundador do site AMAZONAS ATUAL.
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