É alarmante o índice de desmatamento no Brasil e na Amazônia no governo Bolsonaro. Em muitas cidades o ar está ficando insustentável pelas fumaças e contaminação.
Os dados que foram divulgados pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter/INPE) mostram que desmatamento na Amazônia cresceu e saiu completamente do controle esse ano. Só no mês de julho foram 1.864 quilômetros quadrados desmatados. Número três vezes maior que no mesmo período de 2018.
Isso equivale a centenas de Arenas da Amazônia. São tantos dados. No 1° semestre de 2019, o aumento foi de 50% em relação ao mesmo período em 2018.
Dado também alarmante é o número de focos de queimadas que cresceram mais de 70% até agosto deste ano, na comparação com o mesmo período de 2018, conforme o INPE.
A Região Amazônica é a mais afetada com as queimadas, com 51,9% dos casos. Tudo resultado do descaso do Governo Federal com o meio ambiente e cortes de 95% do orçamento de ações de combate às mudanças climáticas.
O desmatamento e as queimadas têm consequências para toda população. Mais doenças respiratórias, mortes de animais, fim de nascentes de água, terras áridas e sem vida, degradação de comunidades ribeirinhas e indígenas.
Também se percebe em terras indígenas e unidades de conservação grandes focos de desmatamento devido a invasão de grileiros e garimpeiros, ações de mineradoras, madeireiros, latifundiários e interesses do agronegócio.
O presidente da República não gostou dos dados e decidiu demitir o diretor do Inpe. Atitude truculenta e antidemocrática. O próprio governo Bolsonaro se tornou uma das principais ameaças contra a Amazônia: reduziu fiscalização ambiental, cortes de verbas, permite o desmatamento, ataca os indígenas, quer mineração em terras indígenas e rever as demarcações. Combina com os EUA a exploração da região, ameaça e acusa falsamente as ONGs que lutam contra desmatamento.
Os governos da Alemanha e da Noruega suspenderam o repasse de quase R$ 290 milhões destinados ao Fundo Amazônia e para programas de preservação e desenvolvimento sustentável, depois de serem agredidos pelo atual presidente do Brasil.
No Amazonas, essa pauta é fundamental. Qual o desenvolvimento que queremos? Atividades de mineração e madeireira criam grandes impactos ambientais e sociais. Vamos conseguir manter a Zona Franca de Manaus? Temos quais alternativas viáveis?
A pauta da Amazônia está na boca do mundo. Precisa estar também na boca do povo brasileiro. A Amazônia, com seu povo e suas riquezas é patrimônio do Brasil.
Na comissão da Amazônia criada e formada por parlamentares do Partido dos Trabalhadores, esse debate será permanente. E nesta quinta-feira, em Manaus, a meu convite, o líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados estará reunindo com instituições, estudiosos, movimentos ambientais e sociais para dialogar sobre a Amazônia e as ameaças do Governo Federal.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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