Por Maria Derzi, da Redação
MANAUS – O fim de ano está chegando e com ele chegam também as promoções da Black Friday, tradição do comércio americano que foi importada para o Brasil e que oferece um pacote de descontos em tempo limitado para os consumidores adquirirem, a preços mais em conta, aquele produto com o qual vem sonhando, mas que por conta do preço ainda não conseguiu comprar.
A proposta original é fazer uma queima de estoque, na primeira sexta-feira após o feriado americano de Ação de Graças, que ocorre na última semana de novembro. Os lojistas oferecem descontos que chegam a 70% nas cidades norte-americanas. Fanático por descontos, os consumidores americanos chegam a dormir na frente das lojas e a formar filas quilométricas para aproveitar os melhores descontos.
Importada pelo Brasil, aqui a Black Friday ganhou uma boa dose do ‘jeitinho brasileiro’. Desde as primeiras edições, a Black Friday brasileira já gerou dúvidas nos consumidores: será que os lojistas vão, realmente, aplicar descontos reais e vantajosos para o consumidor, como é o objetivo da data? Ou será que os consumidores vão comprar produtos e serviços com valores “maquiados” pelas lojas, que se aproveitam da data apenas para aumentar as vendas e não oferecem vantagens reais a quem está comprando?
Os economistas indicam que os consumidores devem permanecer atentos para não serem ludibriados por falsos descontos. O economista Erivaldo Lopes explica que, atualmente, os consumidores têm várias formas para descobrir se os preços estampados nas vitrines das lojas são realmente válidos ou são “fakes”. ” O consumidor que vem acompanhando o mercado sabe quanto está o preço de um produtos no cotidiano. Ele deve se manter atento a esse detalhe para que quando chegue a época da Black Friday ele possa comparar o preço que era antes com o que a loja está ofertando. É importante porque já ocorreram casos em que o lojista, para ter mais vantagens, aplica um reajuste no preço do produto, pouco antes da Black Friday e depois baixo o preço para o valor original. Quer dizer não aplicou nenhum desconto real”.
Erivaldo considera que a promoção da Black Friday, que é um sucesso no varejo americano, também pode se consolidar no mercado brasileiro. Depende apenas do consumidor. “Porque dá certo nos EUA e não dá aqui? Não considero que a promoção não dê certo aqui. Muito pelo contrário. Acho que tem todo potencial para dar certo, sim. Quem faz a promoção dar certo é o consumidor que, hoje em dia, está mais consciente de seus direitos. Esbarramos também na questão cultural em que o brasileiro quer levar vantagens em tudo, quer ser o mais esperto e o mais malandro para se ‘dar bem’. Por isso, alguns casos foram constatados em anos anteriores. Mas, isso está mudando e o consumidor está se mantendo mais ciente na hora em que vai adquirir algum produto, está pesquisando mais. E se constatar alguma irregularidade no preço, deve denunciar. Não adianta o lojista querer enganar. O consumidor sabe como é o comportamento do mercado e se está interessado em algum produto, já sabe quanto ele custava antes e vai saber se o desconto é real”, disse Erivaldo.
Além dos consumidores, os órgãos de defesa do consumidor também devem iniciar suas pesquisas de preço bem antes da chegada da data da Black Friday, para poder constatar as possíveis irregularidades na aplicação dos descontos durante a big promoção. Em nota, o Procon-AM informou que irá realizar fiscalizações uma semana antes e durante as promoções da Black Friday comumente realizada na última semana de novembro. O órgão irá orientar tanto comerciantes quanto consumidores sobre os direitos consumeristas. Informa ainda que denúncias podem ser feitas pelo 0800 092 1512 ou 3215-4010.