O ex-prefeito Manaus e ex-governador do Amazonas Amazonino Mendes, em evento comemorativo aos 15 anos da Universidade do Estado do Amazonas, criada no governo dele, fez um comentário em tom de crítica, para mostrar o tamanho do poder do Estado sobre as demais instituições, em relação à economia. Diferente de outros Estados da Federação, onde o poder econômico tem peso substancial, no Amazonas, quem mada é poder político, segundo Amazonino. Eis o trecho da fala dele no evento sobre o tema:
“Ocorre um fenômeno neste Estado. Pouca gente teria coragem de falar o que eu vou falar agora. O Estado do Amazonas tem uma situação ímpar no conceito nacional. Em todo o lugar você tem recurso financeiro do Executivo, tem poder econômico para contratar obras, contratar serviços, etc. Tem uma caixa. Do outro lado da sociedade, tem outro poder econômico que quase permite um equilíbrio. São duas forças econômicas. Repito: a do governo e a outra é do PIB (Produto Interno Bruto) dos empresários, dos ricos, dos distritos industriais. Essas forças atuam no meio social, junto às instituições de modo geral, exercem influência e dão um certo equilibro nessa democracia capenga, nessa democracia mambembe. Em Manaus, no Amazonas, não existe isso. O PIB amazonense mora em são Paulo ou no exterior. Aqui só tem uma força econômica : a força do Poder Executivo”.
“Nenhuma sociedade se constitui, se organiza, sem uma imprensa boa, sábia e livre. Aqui nós não podemos ter essa imprensa. Nem que a imprensa queira. Porque a imprensa jamais será sustentada pela alternativa do PIB. Dos 30 e poucos bilhões de dólares do Distrito Industrial não vai um centavo para um jornal, para uma rádio, para uma televisão. Os donos de rádio, jornal e televisão ficam à mercê (do poder público) e, para sobreviver, dependem exclusivamente dos recursos públicos. E o que acontece? Os temas são escondidos, não se debate, não se discute. É uma situação que nos escraviza, que nos prejudica demais.”