Do ATUAL
MANAUS – O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, defendeu nesta quarta-feira (19) que moradores de áreas de risco, afetados pela cheia e seca dos rios, sejam retirados e abrigados em locais seguros. Dias considerou que as mudanças climáticas têm gerado maiores desafios às famílias que moram nessas áreas. Para ele, a questão envolve risco de morte.
“Não tem jeito. Ali vai trabalhar a vazante, a plantação, saber que ali tem risco. Mas não pode permitir a moradia. Há necessidade de tirar para uma área segura. E não é fácil, eu sei que não é fácil. ‘Ah, mas eu estou vivendo. Foi aqui que nasceu meu pai, foi aqui que eu nasci’. Mas aqui se trata de risco de vida. Quem mora ali, tem ano que é só uma enchente, que consegue sair. Mas quando vem de forma brusca, violenta, ali tem morte, tem a perda de vida humana”, disse Dias em entrevista à Rádio CBN Manaus.
O ministro reconheceu que as mudanças climáticas têm gerado desafios para populações em áreas remotas, como é o caso de comunidades ribeirinhas no Amazonas. Historicamente, esses locais são ocupados por diversas famílias que sobrevivem da caça e pesca, e que também cuidam de animais e plantam frutas e hortaliças. As mudanças têm impactado significativamente a vida dessas pessoas.
“O que a gente tem é um ciclo cada vez mais próximo. Você tem enchente, logo em seguida, o período que é pra chover, tem estiagem. Você baixa os rios, como é o caso dos rios da Amazônia, que você pode caminhar. Isso causa problemas”, disse Dias.
Em 2023, o Amazonas registrou seca histórica. Os rios, que são usados como vias de transporte por populações ribeirinhas, se tornaram filetes de água em meio a floresta. Milhares de pessoas ficaram sem água potável e alimentos.
Os rios da Amazônia começaram a descer nas últimas semanas. Segundo a Proa Manaus (Praticagem dos Rios Ocidentais da Amazônia), no domingo (16), o Rio Amazonas desceu dois centímetros, conforme medição feita no Porto de Itacoatiara. Naquele ponto, o Amazonas recebe contribuição do Rio Madeira e do Rio Negro.
A baixa no Amazonas tem influência do Madeira, que tem secado mais rápido que nos anos anteriores. Conforme boletim hídrico divulgado pelo Governo de Rondônia, de 3 a 10 de junho, o rio Madeira marcava 6,11 metros em Porto Velho. Nesse mesmo período em 2023, o rio estava em 9,56 metros.
Em Tabatinga, o Rio Solimões começou a secar no fim de maio. De lá pra cá, desceu 3 metros e 11 centímetros. A situação preocupa moradores.
Em Manaus, o Rio Negro parou de subir no domingo (16). Está há cinco dias no mesmo nível, segundo medição do porto de Manaus.
De acordo com Wellington Dias, em 2023, o governo federal fez um mapeamento de áreas de risco em todo o Brasil. Foram identificados 3,7 mil pontos, incluindo o Amazonas. Segundo o ministro, o dinheiro do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) foi direcionado para ações de prevenção a situações como essa.
“O presidente liberou 84 bilhões dentro do modelo do Programa de Aceleração do Crescimento que é para se trabalhar essas ações preventivas de proteção às pessoas humanas, também em relação à produção, aos negócios, para evitar que a gente viva situações constantes”, afirmou Dias.
Bolsa Família
O ministro do Desenvolvimento anunciou a antecipação do pagamento do Bolsa Família a municípios que já tiverem em situação de emergência ou calamidade.
“Na segunda-feira, nós já liberamos para aqueles que fizemos o decreto de emergência à calamidade anteriormente. Os municípios preparam esses decretos de emergência e calamidade, quando é o caso, e tem o reconhecimento do estado e depois do governo federal. E imediatamente eu encaminho para Caixa Econômica Federal para viabilizar, dentre outras ações, a antecipação do pagamento fora do calendário tradicional do programa”, afirmou Dias.
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O ministro também anunciou liberação de dinheiro no âmbito do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), que compra alimentos produzidos pela agricultura familiar da região. “A gente prefere o pagamento com o PAA porque ele compra o alimento da própria região, esse dinheiro circula na região e esse alimento é distribuído para quem precisa aí na região”, disse.
“Também em relação a pescadores e pescadores, já tem liberação de recursos para investir na desobstrução das calhas dos rios, tem um plano voltado para isso”, completou Dias.