Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – As cinco questões de Geografia e História do Amazonas do concurso da Guarda Municipal de Manaus, realizado no dia 18 de fevereiro pelo IBFC (Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação) foram consideradas de nível fácil por especialistas consultados pelo ATUAL.
“Foram questões muito fáceis, poderiam ser mais elaboradas”, disse a historiadora e professora Jandira Magalhães Ribeiro, 29 anos, que considera também que o conteúdo disciplinar de História e Geografia do Amazonas não foi aplicado durante anos nas grades curriculares.
Para o jornalista, escritor, historiador e artista plástico Otoni Moreira de Mesquita, 70 anos, “não há profundidade” nas questões e isso é um reflexo do nível de consciência da sociedade sobre conhecimentos de História e Geografia do Amazonas.
O ATUAL questionou os critérios adotados pelo instituição organizadora do concurso para elaboração das questões, se houve alguma consultoria a especialistas locais ou nacionais, e se o Instituto considerava satisfatório o nível de exigência das questões. Não houve resposta atá a publicação da materia.
As cinco perguntas do concurso foram sobre limites da cidade de Manaus, modelo econômico que sucedeu o Ciclo da Borracha, número de habitantes da capital de acordo com o Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pontos turísticos e o rio que banha o núcleo urbano que originou a criação da cidade.
As opções, segundo os especialistas, facilitam a eliminação de opções óbvias para chegar à resposta certa.
A escolaridade exigida para inscrição dos candidatos foi o ensino médio. Para Jandira Magalhães Ribeiro, foram questões fáceis e que poderiam ser mais elaboradas para o nível de escolaridade exigido. “Na minha análise, as questões são de nível fundamental, são questões muito fáceis realmente, poderiam ser mais elaboradas pensando no que trabalhamos em nível médio com os alunos”.
A historiadora atribui a facilidade das questões a falhas passadas no sistema educacional, no ensino de História do Amazonas e na faixa etária dos candidatos inscritos. “É necessário pensar nas diferentes realidades de escolas. Sabemos que muitos que fizeram o concurso são pessoas que formaram a muito tempo no ensino médio ou até mesmo não tiveram conteúdos mais aprofundados de história do Amazonas, disciplina que por muito tempo não se tinha nos livros didáticos”.
“Hoje temos um livro didático muito bom de História do Amazonas, feito pelo professor Dr. Francisco Jorge. Mas antes os livros didáticos vinham completamente dos estados do sudeste e pouco se via falar de Amazonas”, afirma Jandira.
“Com o desenvolvimento das pesquisas acadêmicas dentro da Ufam essa realidade tem diso alterada”, diz Jandira. Francisco Jorge dos Santos, citado pela historiadora, é coordenador acadêmico do curso noturno de História da Ufam.
Para Otoni Mesquita, “as questões são muito básicas. Realmente, é muito elementar [o nível das questões]”. “Mas na verdade eu penso que o nível de exigência corresponde ao nível de consciência da sociedade e sua relação com a Geografia e a História de sua cidade. São aspectos que no geral não interessa a maioria. Não há profundidade”, disse o historiador.
“O que facilita muito é essa questão de múltipla escolha, mas isso é uma coisa que já está colocada a muitos anos. É simplerrimo. Muito simples, básico”, afirma Otoni. “Sobre essas questões, eu começo a compreender que a sociedade e o mercado não têm dado valor a esses aspectos. É uma questão que reflete o nosso tempo. Estamos numa época de aparência”.
O ATUAL perguntou do Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação qual critério usado para formulação das perguntas, se houve alguma consultoria a profissionais ou organismos regionais ou nacionais e se, do ponto de vista da mensuração de conhecimentos, as perguntas foram coerentes e/ou satisfatórias para avaliação da capacidade dos candidatos a assumir o cargo? Não houve resposta.
Ninguém aprende mais nada sobre nossa historia, geografia… certeza que mesmo fácil a maioria iria errar.
Na questão 18 as letras a, b e C estariam tecnicamente corretas, pois a cidade possui mais de 500.000 e tambem mais de 1.000.000 de habitantes.
Neste caso poderia ser assim:
a) Entre 500.000 a 1.000.000 de habitantes;
b) Entre 1.000.001 a 2.000.000 de habitantes;
c) Entre 2.000.001 e 3.000.000 de habitantes.
Etc…